Gilmar Rinaldi como coordenador é uma incógnita, acreditam especialistas
Do UOL, em São Paulo
A escolha do ex-jogador Gilmar Rinaldi como novo coordenador de seleções da CBF é vista como uma incógnita pelos blogueiros do UOL Esporte Erich Beting, Julio Gomes, Roberto Avallone e Vitor Birner. "Pode ser que as coisas funcionem melhor para a seleção brasileira, só o tempo dirá se será uma escolha acertada nesse sentido ou não", avaliou Gomes, editor-chefe da BBC Brasil.
"É uma incógnita. Ele não tem vivência nessa função", aponta Birner. "O maior ponto favorável é que, quando era jogador, exercia liderança nos elencos. Mas isso não o credencia a ser a pessoa certa para coordenar todas as seleções brasileiras", opina. "Foi uma escolha do Marin. Não dá nem para criticar, nem para elogiar".
Incógnita também foi a principal palavra usada por Avallone para avaliar a escolha de Rinaldi. "Não sei se foi a escolha ideal. Eu coloria muito mais fé no Leonardo, que já foi diretor do Milan e do Paris Saint-Germain, tem conhecimento do futebol europeu e teria sido uma escolha muito mais eficiente do que Gilmar", sugere. "Para mim, essa escolha é uma grande incógnita".
Beting acredita que a escolha pode ser positiva, mas lembra que Gilmar exercia a função de empresário de jogadores. "Pode ser interessante, é uma cara nova em termos de CBF. Porém, já vem gravado todo um pretenso conflito de interesses, apesar de ele dizer que não vai ser mais agente de jogadores", lembra. "Isso já cria um primeiro ruído nessa história".
O anúncio de Gilmar como novo coordenador foi feito nesta quinta-feira, pelo presidente da CBF José Maria Marin. O ex-jogador, que trabalhava como empresário de jogadores, já avisou que abandonou a atividade. "Minha atividade de agente Fifa, que exerci com 14 anos, agora está extinta oficialmente, não existe mais. Meu foco é exclusivo a seleção brasileira", garantiu Gilmar.
Gomes também opinou sobre o fato de Gilmar ter sido empresário, mas não acredita que isso vá atrapalhar sua função. "No Brasil, tão importante quanto ser honesto é parecer honesto, e a indicação do Gilmar sempre vai deixar no ar uma interrogação. Isso não quer dizer que ele não seja uma pessoa com lisura para ocupar o cargo", opina. "Seria um problema se ele continuasse exercendo a função. Se isso não acontecer, não vejo problema".
"O mínimo que ele pode fazer é parar, senão haveria um conflito de interesses. Mas vai ficar a imagem de que ele foi empresário. Não é pecado, não é desonesto ser empresário, mas não é o ideal", afirma Avallone. "O ideal seria alguém como o Leonardo, alguém que tivesse distância dos bastidores do futebol nesse aspecto", conclui.
Em sua carreira como jogador, Gilmar foi campeão brasileiro por três times: Internacional, São Paulo e Flamengo. Sagrou-se campeão mundial na Copa de 1994 como terceiro goleiro da seleção brasileira, após ter sido convocado por Carlos Alberto Parreira. Após se aposentar, em 1999, trabalhou como superintendente de futebol do Flamengo durante dois anos e, após essa função, passou a trabalhar como empresário de jogadores. Já gerenciou a carreira do atacante Adriano e trabalhava com os corintianos Danilo e Fábio Santos e com o volante Fábio Simplício, entre outros.