Parreira se exime e vê geração de jogadores como culpada de fracasso

Do UOL, em São Paulo

O ex-coordenador-técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, disse em entrevista ao programa Bate-Bola, da ESPN Brasil, que a formação da geração atual de jogadores do Brasil é a responsável pelo fracasso do time brasileiro na Copa do Mundo de 2014.

Para Parreira, que integrou a comissão técnica liderada por Luiz Felipe Scolari, as falhas na formação dos jogadores acabaram criando um time que não esteve à altura de outras forças do futebol. "A CBF não tem obrigação de formar jogadores", afirmou o ex-coordenador.

"Nenhuma seleção trouxe inovações. O que a Alemanha e a Argentina trouxeram de novo?", disse Parreira, ao ser questionado sobre a possível responsabilidade da comissão técnica na derrota por 7 a 1 para os alemães na semifinal e para a Holanda por 3 a 0 na decisão do terceiro lugar.

"Só existe uma meta com seleção brasileira, que é ser campeão do mundo. A gente chegou entre os quatro. Esse resultado [7 a 1 para a Alemanha] foi vergonhoso, desastroso, a maior derrota da seleção brasileira em todos os tempos. Isso vai ficar escrito, mas quantas vezes o Brasil perdeu de sete? Não vai acontecer outra vez. A Fifa colocou que foi um pesadelo de três minutos e fico com essa definição", disse.

Parreira defendeu o trabalho realizado pela comissão técnica e disse ainda que a seleção brasileira deixou um "legado intangível" de união dos torcedores. 

"O que interessa é o legado esportivo geral, ser campeão, o legado intangível fica numa situação tênue, uns se valorizam e outros não, e nunca vi uma torcida se unir em torno de uma seleção. Até mesmo depois da derrota, em Brasilia, o povo, as crianças incentivando. Então deixou o legado intangível das pessoas cantarem o hino, e isso não foi por acaso, foi construído pela maneira simpatica que as pessoas cantaram", afirmou Parreira.

O ex-coordenador técnico voltou a se defender sobre as declarações de que o Brasil era favorito para vencer a Copa e que já estava "com uma mão na taça". Parreira afirmou que não se arrepende e ressaltou que este tipo de discurso é normal em se tratando da seleção brasileira.

"Se assumisse hoje diria a mesma coisa. Já imaginou algum líder assumindo o cargo e dizendo que vamos entrar para participar? Seríamos massacrados. Disse pela convicção de que seria campeão. E, mesmo se não tivesse, teria dito. É importante ser otimista. Você imagina alguém dizendo que o Brasil chegaria para ser quatro lugar? Me perguntaram o que era preciso pra ser campeão. Falei que, se organiza fora do campo, colocamos uma mão na taça", defendeu Parreira.

Técnico estrangeiro

Parreira disse ainda que é contra a contratação de um estrangeiro para suceder Scolari no comando da seleção brasileira. Para o treinador, que disputou Copas do Mundo com a seleção da África do Sul, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes, um nome de fora "não dá certo" no comando de uma seleção "grande".  

"Não há necessidade. Um técnico estrangeiro não deu certo na Inglaterra, aquele sueco foi um fracasso total, o Capello também na Rússia. Imagine um técnico europeu chegando aqui tendo um dia para trabalhar e enfrentar a Colômbia. Daqui a dois meses enfrenta a Argentina na China, uma viagem de 24 horas. Se em seis jogos ele perde três, já vão começar a questionar o trabalho dele", afirmou Parreira.

O ex-coordenador afirmou que na África do Sul havia mais paciência da torcida e da mídia para com o trabalho dos treinadores, algo que ele não acredita que um estrangeiro terá no Brasil. 

"Eu posso dizer porque trabalhei na África do Sul em 2010 e tive três meses para ver os campeonatos, observar como os jogadores se movimentavam taticamente e respeitando o estilo e caracteristicas do jogador sul-africano. O cara que vai chegar de fora vai sofrer muito, e quando começar a entender já era", concluiu.

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