Final das finais: "tri moderno", fim de fila e hegemonia mundial em jogo

Fernando Duarte, Mauricio Stycer e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

Ao tentar promover o Mundial de 2014 como a  Copa das Copas, o governo brasileiro não imaginava que a partida mais importante do torneio fosse virar a final das finais sem a presença da seleção brasileira. A decisão entre Alemanha e Argentina terá em jogo um "tricampeonato moderno" (com a nova Taça Fifa), o fim de uma fila e impactará no equilíbrio da disputa entre os continentes europeu e sul-americano.

Apesar da diferença no número total de títulos, argentinos ou alemães sairão do Maracanã como os primeiros vencedores de três Copas desde o divisor de águas que foi a conquista definitiva da Taça Jules Rimet pela seleção brasileira em 1970, no México. Criada para substituir a Jules Rimet, a Taça Fifa virou o troféu da Copa para a edição de 1974, na Alemanha. 

Não há posse definitiva para esse novo troféu com três títulos - a entrega será feita pela presidente Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Mas há o simbolismo do primeiro time a conquistar o terceiro título moderno, o que também era disputado por Itália e Brasil. Argentina ganhou em 1978 e 1986, e a Alemanha, em 1974 e 1990.

No Rio, também poderá cair uma das maiores escritas da histórica das Copas no caso de um triunfo alemão, já que nunca uma equipe europeia conseguiu o título em Mundiais realizados no continente americano. O jogo também afetará a disputa de títulos gerais entre europeus e sul-americanos: o placar atual é de 10 a 9 para o velho mundo. Nunca os europeus abriram tal diferença para seus rivais na história.

Tanto Alemanha quanto Argentina amargam seu maior jejum em Copas, mas vivem "secas" diferentes. Há 24 anos sem ganhar, a Mannschaft passou pela agonia de ter feito as finais de 2002 e de ter chegado às semifinais em 2006 (em casa) e 2010. Sua última conquista foi a Eurocopa em 1996 e depois de um longo processo de renovação que resultou num vice-campeonato e em uma semifinal continentais (2008 e 2012), a pressão por resultados é grande e só fez crescer após a goleada de 7 a 1 sobre o Brasil na última terça-feira. "Chegar longe não é mais uma opção. A Alemanha não pode se contentar com nada menos que o título no Brasil", afirmou no início da semana Lothar Matthäus, capitão alemão no título de 1990.

A Argentina desde 1990 não tinha conseguido passar das quartas-de-final apesar de no mesmo período ter produzido duas gerações de jogadores protagonistas no futebol mundial, como Gabriel Batistuta, Juan Riquelme e, claro, Lionel Messi. Saiu da Copa da África do Sul após goleada para Alemanha e com seu principal astro questionado como "jogador de clube". No Brasil, teve jogos sofridos desde a primeira fase e que culminaram com a vitória nos pênaltis sobre a Holanda nas semifinais, mas está a um jogo de conquistar o título pela primeira em 28 anos e a terceira em sua história.

"A Argentina vai precisar fazer uma partida perfeita para superar a Alemanha, mas é possível acreditar", afirma o ex-jogador da seleção Juan Pablo Sorín, hoje comentarista da ESPN.

Há também um duelo de filosofias na final das finais. Com seu sistema tático girando em torno do brilhantismo de Messi, a Argentina chega à decisão marcando oito gols, apenas o sexto maior número do torneio. Metade deles marcados pelo atacante do Barcelona. Os alemães, que deixaram 17 bolas nas redes alheias e apresentam o ataque mais positivo da Copa, chamaram a atenção pela "marca" de futebol baseado na coletividade, rotações de posicionamento e uma socialização dos gols: oito jogadores estão na lista de jogadores do Mundial com pelo menos um gol – e seu artilheiro é Thomas Müller, com cinco.

Numa comparação direta com o rival, a Argentina só leva a melhor nas estatísticas principais quando o assunto é o número de gols concedidos: três, contra quatro do rival europeu. No entanto, a presença de um certo canhoto de 1,69m certamente deve ser levada em conta.

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