Rapper frustrado e abandonado pelo pai. O futuro holandês passa por Depay
Do UOL, em São Paulo
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Atacante Memphis Depay é um dos destaques jovens da Copa e disputa prêmio da Fifa
Na última sexta-feira, Memphis Depay foi apontado como um dos três finalistas do prêmio de melhor jovem jogador da Copa do Mundo. Como seus concorrentes não estão mais em atividade no torneio, o holandês surge como favorito para deixar o Brasil com esta façanha individual. Porém, mais do que isso, o atacante cheio de tatuagens do PSV Eindhoven carregará adiante a pressão de ser o futuro da seleção de seu país.
Com 20 anos, Depay termina a Copa como a peça individual mais promissora de uma seleção que no Brasil provavelmente se despede dos trintões Robben, Sneijder e Van Persie, vice-campeões do mundo em 2010. Depay levará ao próximo ciclo uma personalidade pontuada pela rebeldia, marcada pelo abandono do pai na infância e pela paixão pelo rap.
Nascido em Moordrecht, o atacante é filho de um ganês com uma holandesa. O menino Depay sofreu com o divórcio em casa quando tinha apenas 4 anos, na fase em que o pai se afastou de vez. A partir de então, o jogador prefere usar somente o primeiro nome – em sua camisa na Copa ele é identificado apenas como Memphis.
O atacante ingressou nas categorias de base do PSV no começo da adolescência e desde sempre colecionou confusões. Era considerado insolente e temperamental. Aos 15 anos, Memphis ficou profundamente impactado pela morte do avô, quando passou a ter acompanhamento na vida pessoal do técnico Joost Lenders - seria sua terceira e mais importante referência masculina na juventude.
Paralelamente, o rap virava uma referência para o menino Depay. O aspirante a jogador passou a cobrir o corpo com tatuagens, muitas delas inspiradas pelo gênero musical favorito, até nos lábios. No entanto, ao ingressar no time principal do PSV, o técnico Fred Rutten pediu ao jovem que ele priorizasse o futebol. Em tom de ultimato, ouviu que a música deveria ficar em segundo plano.
O jogador então estreou como profissional em 2012 e logo se destacou dentro do futebol holandês. Mesmo assim, manteve a música como um hobby, mas agora somente nas horas vagas. Depay chegou a gravar um projeto intitulado "Dreams", ao lado do rapper Bollebof e de Eljero Elia, atleta do Werder Bremen. O jovem se define como "caçador de sonhos", em um lema que leva tatuado no peito.
Depay disputa o prêmio da Fifa de melhor jovem da Copa com Raphael Varane e Paul Pogba, dois integrantes da seleção francesa, eliminada nas quartas de final.
Na disputa, o atacante do PSV conta com o feito de ter se tornado o holandês mais jovem a marcar em uma Copa do Mundo, em gol na vitória por 3 a 2 sobre a Austrália na primeira fase. O jovem também anotou no triunfo sobre o Chile.
O holandês começou a Copa como reserva, teve sua chance no time titular. Contra a Argentina, na semifinal, não foi usado. Mas a expectativa é que Depay encerre seu bom Mundial de estreia diante do Brasil neste sábado, em Brasília, na disputa pelo terceiro lugar.