Felipão fala como se fosse seguir na seleção

Paulo Passos

Do UOL, em Brasília

Em todas as quatro entrevistas coletivas que deu desde que a seleção brasileira sofreu sua maior derrota da história, o 7 a 1 contra a Alemanha, Luiz Felipe Scolari repetiu um número em suas respostas: 2018, ano da próxima Copa do Mundo. Foi assim neste sábado, após o Brasil perder para a Holanda, por 3 a 0, em Brasília, e se despedir do torneio com 14 gols sofridos e 50% de aproveitamento.

Felipão projeta jogadores para o próximo torneio, fala em time mais experiente e chega a dizer que os atletas desta Copa têm sua confiança. Ao mesmo tempo em que tenta minimizar o fracasso brasileiro em casa, o técnico se apega ao cargo que lhe deu o maior título da carreira, o Mundial de 2002, e também à grande vergonha, o 7 a 1 para os alemães no Brasil.

Nas perguntas diretas sobre o seu futuro, Scolari manteve mistério. Disse que o cargo está à disposição, que será entregue ao presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). "Isso era o combinado, ganhando ou perdendo. Aí vamos conversar", completou, lacônico.

Segundo o blog do Fernando Rodrigues, a intenção de José Maria Marin, antes da partida deste sábado, era de manter o treinador. Depois da derrota, porém, o cartola teria mudado de opinião. Já próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que assume em 2015, afirmou na última semana que é a favor da continuidade do técnico.

Felipão parece ter ouvido declarações nessa direção. Ao menos é que indica em suas respostas. Tentando valorizar seu trabalho, acaba falando sobre a próxima Copa.   

"Essa equipe vai ficar marcada como a geração que começou uma etapa para 2018 ficando entre os quatro, o que não acontecia desde 2002", respondeu ao ser questionado se o time estaria marcado como perdedor pelo final da Copa, com duas derrotas e 10 gols sofridos.

"Eles saem com minha confiança, alegria, com ótica de que tem continuidade. O caminha está aberto para que exista uma equipe melhor para 2018", afirmou.

Abatido, Felipão não alterou o tom de voz em nenhuma das respostas na entrevista coletiva deste sábado, fato raro tratando-se do gaúcho. O momento de maior descontentamento foi quando um integrante do programa "Pânico', da TV Bandeirantes, perguntou se a Laranja, apelido da seleção holandesa, havia enfrentado o bagaço da laranja, em referência ao Brasil.

"Não", disse o técnico.

Nem quando falou da arbitragem, assunto que frequentemente levou o técnico a se exaltar na Copa do Mundo, Scolari esboçou reação. Chegou a reclamar do pênalti e fez uma ironia.

"Acho que o Thiago tinha que ser expulso. Aí estava tudo certo, dentro do que imagino que eles tinham acordado", disse, mas sem se prolongar na tese conspiratória.   

Os assuntos preferidos do técnico eram mesmo desmistificar a "tragédia" e falar sobre o "legado" para a próxima Copa. Antes da derrota deste sábado, por exemplo. Felipão disse que "cerca de 17 jogadores" do atual elenco devem estar na Rússia, no próximo Mundial. Pelo jeito, parece até acreditar que o técnico também será o mesmo de agora daqui a quatro anos.

 

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