Mascherano: o 'chefinho' que se impôs e virou o escudo de Messi

Do UOL, em São Paulo

Mascherano não tinha 21 anos quando chegou ao Corinthians, que em 2005 vivia uma fase de ilusão milionária proporcionada pela MSI. Observado por equipes como Manchester United e Barcelona, o volante argentino vindo do River Plate mostrou em sua apresentação no Parque São Jorge que não era à toa que chegava ao Brasil com a alcunha de "chefinho" (jefecito, em portunhol). Essa característica enérgica e dominadora ele mostra de forma clara na Argentina que chegou ao encontro desta quarta (9) contra a Holanda, pela semifinal da Copa do Mundo.

Terceiro argentino que chegava ao Corinthians do então técnico Tite (o zagueiro Sebá e o atacante Tevez já haviam sido contratados), Mascherano foi bombardeado por questões que abordavam se a chegada de jogadores badalados e caros (foi contratado, em fevereiro de 2005, por US$ 15 milhões) poderia causar problemas de relacionamento na equipe. O argentino não fugiu do confronto: "Venho para fazer parte de um grupo e respeito quem já faz parte da equipe há mais tempo". Veio, virou titular e acabaria aquele ano como campeão brasileiro.

Chegar a um clube, se impor e conquistar títulos virou padrão na carreira de Javier Alejandro Mascherano. Desde seus 14 anos, o volante atrai atenção por sua personalidade em campo, seja marcando forte, orientando companheiros e defendendo sua equipe com divididas e discussões, seja com árbitros ou adversários.

"Mascherano é um exemplo a ser seguido. Gostaria que todos os jogadores amassem tanto a camisa que veste como ele", disse Maradona quando comandava o jogador, seu capitão na seleção de 2010, função que não exerce desde que o atual técnico da Argentina, Alejandro Sabella, decidiu que Messi deveria vestir a tarja para assumir a responsabilidade de comandar a equipe tecnicamente.

Observado pelo ex-jogador e técnico argentino Jorge Solari, Mascherano foi descoberto em sua cidade-natal, Santa Fé, onde jogou por dois clubes pequenos (Cerámica San Lorenzo e Barrio Vila). Solari o levou para um clube que havia criado, o Renato Cesarini, uma espécie de centro de treinamento e educacional em Rosário. E foi lá mesmo o seu trampolim para a seleção argentina, onde ganhou duas medalhas de ouro olímpicas (2004 e 2008) e um Mundial sub-20.

Mascherano jogaria pelas seleções sub-15 e sub-17 da Argentina antes de chegar ao River Plate. O papel de líder que exerceu nas equipes amadoras, aliado à experiência que adquiriu pela alviceleste fez do volante um destaque imediato pela equipe de Buenos Aires.

De lá, veio como estrela milionária para o Corinthians, onde após o título brasileiro viu sua trajetória (e de todo aquele elenco) degringolar após a eliminação na Libertadores de 2006, com uma derrota justamente para o River Plate (com dois gols de Higuaín, hoje companheiro de Mascherano na seleção argentina).

Sem ambiente no clube após a chegada de Emerson Leão, Mascherano e Tevez foram negociados pela MSI com o modesto West Ham, equipe do leste de Londres. Lá, tudo deu errado: jogou apenas cinco partidas, três como titular. O momento ruim, porém, não significou desprestígio.

O jogador seria negociado com o Liverpool, que precisou recorrer à Fifa para conseguir sua liberação, já que o jogador defenderia três clubes em um mesmo ano (2006), o que a própria Fifa não permite.

Respeitado em Anfield Road, virou titular absoluto e resvalou na conquista da Liga dos Campeões, quando a equipe inglesa perdeu para o Milan, em 2007. O jejum de títulos do Liverpool prosseguiu, mas, mesmo assim, Mascherano saiu por cima. Em 2010, foi contratado pelo Barcelona por 24 milhões de euros. Foi bicampeão espanhol, e campeão da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes da Fifa.

"Mascherano é um soldado espetacular. É impagável ter um jogador como ele", dizia Pep Guardiola, quando dirigia o Barcelona. "Nunca vou negociar Mascherano. Foi a melhor contratação do Barcelona em muitos anos". É verdade: Guardiola saiu e foi para o Bayern, e o argentino ainda está lá, jogando há muito tempo como zagueiro, ao lado de Piqué.

E é exatamente esta variedade de papéis que exerce o que faz Mascherano ser tão respeitado. Um exemplo recente foi a declaração que ele fez aos jogadores da Argentina antes do confronto contra a Bélgica, pelas quartas de final. O jornal argentino "Olé" flagrou o volante falando aos companheiros que estava "cansado de comer m...", referindo-se a ter jogado duas Copas do Mundo e não ter passado nem para as semifinais nas duas ocasiões.

Agora, o obstáculo já foi passado e a Argentina está na semifinal, com o desafio de ter a Holanda pela frente para levar a seleção a uma final depois de 24 anos. Um título que fará de Mascherano ser o "chefinho" de uma seleção onde todos só têm olhos para Messi. 

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