Torcida em BH espanta velório e até ajuda alemão com ingresso para final
Jeremias Wernek e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Belo Horizonte
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Pedro Ivo Almeida/UOL
Torcedores brasileiro e alemão confraternizam após trocarem camisas nos corredores do Mineirão
A goleada histórica sofrida pela seleção brasileira foi assimilada rapidamente pela torcida no Mineirão. Depois de ter alguns focos de depredação e confusão em corredores e arquibancadas, a massa deixou o clima de velório de lado. A irritação também passou longe e dezenas de brasileiros deixaram o estádio confraternizando com os alemães.
Conformados com aquela que se tornou a pior derrota da história da seleção, muitos brasileiros evitaram conflitos. Poucos chorões foram vistos saído do Mineirão e a raiva era registrada em entrevistas à mídia estrangeira, ávida pelo depoimento de quem viu in loco o 7 a 1.
Na esplanada do estádio o maior exemplo de que a derrota vexatória tinha sido engolida rápido. Um alemão berrava por ingressos para final e era correspondido por brasileiros. Aceitando se identificar apenas como Frank, ele anotou diversos telefones para iniciar a negociação de compra de tíquetes para a partida no Maracanã.
"Não tem como fechar negócio aqui, agora. Vou anotar todos os telefones, fazer as contas e amanhã ligar para fechar negócio", contou. "Estou no Brasil durante toda a Copa, instalado no Rio de Janeiro. Eu vou ver esta final de qualquer jeito, vou comprar ingresso para mais uns amigos também", completou.
Alguns se inibiram ao ver a reportagem e desistiram de falar com o alemão. Outros seguiram oferecendo seus ingressos com preços variados. Categoria 2 por R$ 10 mil, categoria 3 por R$ 5 mil. A lista de opções não tinha fim e exigia prudência.
Antes do apito final, durante o segundo tempo, já era possível ver muitos brasileiros parabenizando alemães pela vitória já desenhada, tomando cerveja com os rivais e até xavecando algumas torcedoras da seleção finalista.
E se antes os corredores de acesso às arquibancadas do Mineirão eram palco de confusões e ações de policiais para conter os torcedores mais exaltados, depois virou um local harmonioso. Torcedores chegaram a trocar camisas.
Ao fim da partida, já do lado de fora, o imaginável cenário de choro e desespero não ocorreu. Brasileiros deixavam o Mineirão de maneira ordenada e parabenizavam os rivais agora finalistas.
Apenas algumas poucas provocações clubisticas e xingamentos contra a presidente Dilma Rouseff eram verificados. Nada, porém, que correspondesse ao maior vexame da história do futebol brasileiro.
"Não adianta se descabelar agora. Perdemos, passou. Vamos aproveitar esse clima bacana de Copa e parabenizar os caras [alemães]. Eles agora merecem o título. Mostraram que jogam o melhor futebol do mundo", resumiu o engenheiro Leandro Caldas.