Torcida transforma 'eu acredito' em ironia e aplaude alemães no Mineirão

Paulo Passos

Do UOL, em Belo Horizonte

A maior derrota da história da seleção brasileira começou com clima de festa. Num Mineirão lotado, a torcida repetiu o hino a capela, as música criadas para a Copa e o incentivo à seleção. Cinco gols em 19 minutos mudaram completamente o cenário. A euforia virou desespero e já na metade do primeiro tempo, com menos de 1/3 do jogo disputado, torcedores já abandonavam o estádio.

Os aplausos e gritos de incentivos se transformaram em vaias e xingamentos, que tinham do centroavante do time à presidente da República como principais alvos. O melhor que puderam ouvir os jogadores foi o silêncio apavorante por alguns instantes. Mas eles logo eram preenchidos com vaias, xingamentos e até aplausos, mas só para os alemães.

Hino a capela e gritos de Neymar

Como sempre, desde a Copa das Confederações, o Hino Nacional foi cantado mesmo após o encerramento da canção padrão da Fifa, que dura apenas 25 segundos. O que se viu depois disso foi uma torcida tentando apoiar o Brasil.

Neymar foi lembrado não só pelos jogadores, que levaram sua camisa para o campo. A torcida gritou seu nome nos primeiros minutos, quando a tragédia ainda não estava configurada.

'Eu acredito' até 26 minutos

Lema do Atlético Mineiro, o "eu acredito" foi entoado pelos torcedores no Mineirão. Pelo menos até o quarto gol dos alemães, marcado aos 26 minutos de jogo por Toni Kroos. Logo depois dos três primeiros gols alemães, a reação, que foi aumentando sua timidez progressivamente, ainda era ouvida no Mineirão.

Sobrou para a presidente

Os primeiros xingamentos ouvidos no estádio não foram para nenhum dos jogadores, nem para o responsável por escalar eles. Luiz Felipe Scolari, ao menos no primeiro tempo, foi poupado da ira do torcedor. Cantado em alguns locais do Mineirão, mas possível de ser ouvido, o coro da vez era "ei, Dilma vai tomar no c..".

Vaias no ida e na volta do intervalo

O 5 a 0 no primeiro tempo terminou com vaias. Cerca de 15 minutos depois, foi assim também que os jogadores foram recebidos na volta do intervalo. Um grupo de torcedores tentou, sem sucesso, abafar apupos com aplausos e gritos de Brasil. Durou pouco, quase nada, menos de três minutos. Foi só Paulinho errar um cruzamento que a reação negativa voltou.

Fred lembrado aos 13 minutos do 2º tempo

Um chute de fora da área para fora, fez a torcida lembrar que Fred estava em campo. Uma pena, para ele. O que ouviu depois disso foram vaias e xingamentos até ser substituído aos 25 minutos do segundo tempo. Foi, com certeza, o jogador mais vaiado e xingado da seleção.

Massacre aplaudido

O sétimo e último gol alemão, marcado por Schurrle, foi seguido de aplausos dos brasileiros, enquanto os alemães eufóricos cantavam "Rio de Janeiro, ô ô ô", numa rima que só a pronúncia com sotaque alemão explica. Os brasileiros levantaram e ovacionaram o rival, responsável pela maior derrota da história do Brasil no futebol. 

Zoeira no final

O gol de Oscar, no último minuto da partida, não foi de honra, mas, sim, de zoeira no Mineirão. Um grupo de torcedores puxou o coro "eu acredito". Com gargalhadas de quem ouviu, ele era repetido. Rir da tragédia era o melhor remédio. 

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