Pilar do Brasil, zaga mudará na semi. Mas setor também preocupa rivais

Do UOL, em São Paulo

A ausência de Neymar é apenas um dos problemas que o Brasil tem de resolver para o confronto com a Alemanha, na próxima terça-feira, válido pelas semifinais da Copa de 2014. A seleção anfitriã também não poderá contar com o zagueiro e capitão Thiago Silva, suspenso por acúmulo de cartões amarelos, e isso obrigará o técnico Luiz Felipe Scolari a mexer na defesa, que tem sido o setor mais confiável da equipe. Novidade para ele, o problema com essa parte do time é algo que une os outros postulantes ao título do Mundial.

É assim no próximo rival do Brasil, por exemplo. A Alemanha tem problemas para resolver sobre a escalação das semifinais, e a defesa é o cerne dessa incerteza. A começar pelo posicionamento do capitão Lahm, que foi volante nos quatro primeiros jogos da Copa e lateral direito no último.

Lahm é lateral de origem, mas também foi deslocado para o meio em muitos jogos do Bayern de Munique. A mudança tornou-se frequente depois que o time alemão contratou o técnico espanhol Pep Guardiola, que viu aí uma chance de ganhar velocidade e qualidade de passe.

Nas quartas de final, contra a França, a Alemanha teve Lahm como lateral e Khedira e Schweinsteiger na contenção do meio-campo. E a despeito de terem vencido por 1 a 0, os germânicos foram inferiores em chegadas ao ataque (31 a 26), finalizações (13 a 8) e porcentagem de passes certos (74% a 73%).

A presença de Lahm na lateral ainda mudou a função de Boateng. Titular da esquerda na Copa passada, o jogador do Bayern de Munique vinha jogando do outro lado neste ano, mas foi zagueiro contra a França. E isso tirou do time o zagueiro Mertesacker, um dos mais experientes do setor defensivo, outro remanescente do Mundial de 2010.

A única certeza da Alemanha para a semifinal da Copa é a presença de Hummels. O zagueiro do Borussia Dortmund tem sido um dos destaques da defesa da seleção em 2014 – contra a França, por exemplo, marcou o gol da classificação e ainda foi eleito pela Fifa o melhor em campo. Todo o restante do setor é uma incógnita.

O problema da Holanda para as semifinais é exatamente o inverso. O técnico Louis van Gaal montou um time com três zagueiros para a Copa de 2014, mas Ron Vlaar, que tem 29 anos e é o mais experiente deles, tem dores no joelho esquerdo e pode desfalcar a equipe contra a Argentina. Se ele não puder atuar, Bruno Martins Indi e Stefan de Vrij, ambos de 22 anos, serão os titulares com responsabilidade de liderar a defesa.

No caso da defesa da Holanda, contudo, o temor é muito maior do que a possível ausência do jogador mais experiente. O time que Van Gaal para a Copa de 2014 já foi criticado pela imprensa do país por ser excessivamente cauteloso e apostar demais nos contragolpes. Ainda assim, é o que menos desarma entre os semifinalistas do Mundial.

Mas nenhum semifinalista tem uma defesa tão questionada quanto a da Argentina. O time sul-americano venceu todos os jogos que disputou na Copa até aqui, e nem isso dirimiu as dúvidas do técnico Alejandro Sabella sobre o setor.

A Argentina começou a Copa com três zagueiros (Hugo Campagnaro, Federico Fernández e Ezequiel Garay), e o trio ainda foi protegido por Javier Mascherano. Ainda assim, levou pressão da Bósnia em muitos momentos e sofreu para vencer por 2 a 1.

Nos três jogos seguintes, Sabella optou por uma defesa com linha de quatro jogadores (Zabaleta, Fernández, Garay e Rojo). Mas o treinador mudou dois titulares para o confronto com a Bélgica, válido pelas quartas de final.

Sabella já sabia que não poderia escalar o lateral esquerdo Rojo, machucado, que foi substituído por Basanta. A surpresa foi a presença de Demichelis entre os titulares, no lugar que havia sido de Fernández até ali.

Demichelis, 33, já havia disputado a Copa de 2010. Um ano depois, porém, o zagueiro cometeu erro grosseiro em empate por 1 a 1 com a Bolívia, válido pelas Eliminatórias, e caiu em desgraça na seleção argentina. A falha coincidiu com período irregular dele em clubes – depois de oito temporadas no Bayern de Munique, o argentino rodou sem sucesso por Málaga e Atlético de Madri.

A situação de Demichelis só começou a mudar em 2013, quando o argentino foi contratado pelo Manchester City. O futebol do defensor cresceu depois disso, mas até a divulgação da lista ele seguiu pouco cotado para estar entre os convocados para a Copa.

"Essa vitória [por 1 a 0 sobre a Bélgica nas quartas de final da Copa, que classificou a Argentina para as semifinais pela primeira vez em 24 anos] representa muito. Eu senti muito por ficar longe da seleção por tanto tempo, e esse é um prêmio para todos que me ajudaram", disse Demichelis.

O desabafo de Demichelis diz muito sobre o atual panorama da defesa argentina. O defensor tem 38 jogos com a camisa da equipe nacional, mas sempre esteve longe de ser considerado unanimidade. Em 2010, por exemplo, foi um dos mais criticados no jogo que eliminou a seleção da Copa do Mundo (derrota para a Alemanha por sonoros 4 a 0).

A Fifa publica em seu site um ranking sobre o desempenho dos jogadores na Copa de 2014. Balizada por estatísticas, a lista tem seis zagueiros entre os dez primeiros colocados (o francês Varane, o alemão Hummels, o holandês De Vrij, o belga Vertonghen e os brasileiros David Luiz e Thiago Silva).

No caso do Brasil, porém, a importância dos zagueiros vai além dos números. Thiago Silva e David Luiz são líderes, estão entre os principais jogadores da seleção na Copa e ainda fizeram todos os gols da equipe nas partidas eliminatórias.

Luiz Felipe Scolari ainda não anunciou quem vai substituir Thiago Silva nas semifinais da Copa. As opções do treinador para o setor são Henrique e Dante, o mais cotado para ficar com o posto. Sem um de seus principais esteios, a preocupação do treinador é que a zaga da seleção, que tem resolvido até aqui, não copie os rivais e vire um problema.

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