Celular "padrão Fifa" ajudou polícia a achar membro de máfia de ingressos
Bruno Braz e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Getty Images
05.12.13 - Ray Whelan, chefe de máfia de ingressos, durante evento do sorteio dos grupos da Copa do Mundo, na Bahia
Detido pela Polícia Civil nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro, Raymond Whelan só foi identificado por usar um celular "padrão Fifa". O CEO da Match foi preso em operação que investiga máfia de desvio e revenda ilegal de ingressos para a Copa.
A Match, empresa em que Whelan trabalha, tem exclusividade para comercialização de ingressos corporativos e pacotes de hospitalidade em eventos organizados pela Fifa. A prisão do executivo faz parte de operação deflagrada pela Polícia Civil na semana passada, quando 11 pessoas foram detidas.
Um dos integrantes desse grupo é Lamine Fofana, franco-argelino que foi apontado inicialmente como um dos chefes da quadrilha que controlava o esquema de ingressos. Foi a partir da ligação com ele que a Polícia Civil chegou a Whelan.
Veja abaixo um pouco sobre o processo que levou a Polícia Civil ao executivo da Match e como ele foi preso:
Operação Jules Rimet prende 11 pessoas
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou no dia 1º de julho uma operação chamada Jules Rimet, que prendeu 11 pessoas com acusações como formação de quadrilha e revenda ilegal de ingressos para a Copa do Mundo. Os nomes foram identificados após interceptação de 50 mil ligações, e o grupo detido incluía Lamine Fofana, identificado inicialmente como um dos líderes do grupo.
Celular de Fofana leva Fifa a "Ray Brazil"
Quando Fofana foi detido, o investigador Vicente Barroso pegou o celular do franco-argelino e digitou o prefixo 96201, que é comum em todos os telefones usados pela Fifa no Brasil. O identificador de chamadas apontou um contato chamado "Ray Brazil", com quem o homem preso havia falado centenas de vezes.
Ray Brazil vira Raymond Whelan
Barroso usou o site de pesquisas Google e buscou o apelido. Chegou ao nome de Raymond Whelan, CEO da Match, que passou a ser suspeito. Na manhã desta segunda-feira, a Fifa entregou à polícia uma lista de contatos e números de telefone ligados à entidade. O executivo estava no grupo, e o número era o que o celular de Fofana identificava como "Ray Brazil".
Tocaia no Copacabana Palace
Assim que Whelan foi identificado, a Polícia Civil montou uma tocaia na frente do hotel Copacabana Palace, onde o executivo estava hospedado. O grupo interceptou o CEO da Match às 16h, no interior do prédio, logo depois de a Justiça ter emitido mandado de prisão.
A prisão de Whelan
Whelan foi interpelado no saguão do Copacabana Palace. Não resistiu e ainda acompanhou a polícia cumprindo mandado de busca e apreensão no quarto. A revista no local demorou 40 minutos, e cerca de cem ingressos foram apreendidos.
Operação chama atenção de curiosos
Hotel oficial da Fifa no Rio de Janeiro, o Copacabana Palace é um dos mais badalados da cidade. Assim que a notícia sobre Whelan foi divulgada, houve acúmulo de jornalistas e curiosos na frente do local.
Os populares inicialmente pensaram que se tratava de alguma delegação hospedada no local. Informados de que se tratava de uma operação da polícia sobre máfia de ingressos, a maioria mostrou saber do que se tratava. Com tanta gente na porta, até ambulantes apareceram para vender comida.
Saída pelos fundos
A direção do hotel permitiu que a operação fosse realizada lá, mas tomou medidas para assegurar discrição. Todos os funcionários abordados disseram que não tinham autorização para falar sobre o caso, e Whelan foi retirado pelos fundos.
O que acontecerá com Whelan
O executivo da Match foi preso inicialmente por cinco dias, com possibilidade de prorrogação por mais cinco. Whelan deve ser conduzido ao Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, e de lá será encaminhado ao Complexo Penitenciário de Bangu.
O que acontecerá com a operação
A polícia ainda está em busca de mais pessoas envolvidas no esquema. Pelo menos mais sete pessoas ainda têm que ser identificadas. Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a Scotland Yard já entrou em contato e pediu informações sobre o caso.