Invasor da Fonte Nova vai responder por estelionato: "fingiu deficiência"
Vagner Magalhães
Do UOL, em Salvador
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VAGNER MAGALHÃES/UOL
Mario Ferri acompanhou a partida em uma cadeira de rodas
O homem que invadiu a Arena Fonte Nova e permaneceu por mais de um minuto no gramado durante o primeiro tempo da partida entre EUA e Bélgica é conhecido internacionalmente pela prática. Trata-se do italiano Mario Ferri, 27 anos. Ele foi indiciado por conta da invasão de campo e por estelionato. O torcedor acompanhou o início da partida em uma cadeira de rodas, na área de deficientes. Aos 19 mnutos de jogo saiu correndo e invadiu o gramado, até ser retirado por seguranças.
O delegado Willian Acham registrou o caso com o invasão de campo e indiciou Ferri por estelionato, já que ele se fez passar por um deficiente físico, quando não é. "Agora ele será ouvido por um juiz que vai decidir o que fazer. Se estipula fiança ou toma alguma outra providência. Também cientificamos a Polícia Federal sobre o caso. Ele fingiu ser deficiente", disse ele.
Vestido de Super-Homem, Ferri saiu das arquibancadas rumo ao gramado da Fonte Nova pedindo apoio dos torcedores. Na camisa, duas mensagens: "save favelas children" ("salvem as crianças das favelas") e "Ciro vive". Depois, o belga Kevin de Bruyne pediu ao italiano que deixasse o gramado, e ele acabou retirado por quatro fiscais.
O delegado disse que Ferri informou a ele que a motivação para esse tipo de ato é a sua ideologia. "Ele me disse que tem por objetivo lançar temas importantes para o mundo e que o futebol é um modo mais fácil para se conseguir isso".
Na Copa de 2010, Ferri havia invadido a partida entre Alemanha e Espanha, em Durban, quando também usou uma cadeira de rodas para entrar no estádio e ficar mais próximo do gramado.
Na ocasião ele foi multado em cerca de R$ 700. Caso não pagasse a fiança, poderia ficar detido por até três meses. Na ocasião, ele protestou pela ausência do atacante Cassano na seleção italiana.
Pelo mesmo motivo, Ferri também invadiu a partida entre Itália e Holanda, em Pescara, em 2009. Também em 2010 ele invadiu a final do Mundial de Clubes, entre Internazionale e Mazembe, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, ele portava uma camiseta com o slogan o slogan "Free Sakineh". Ele se referia à iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento.
Também há registros de invasão em uma partida entre Sampdoria e Napoli, pelo Campeonato Italiano. Lá, ele também pedia a convocação de Cassano. Entre outras invasões, ele adentrou ainda ao gramado em uma partida entre Real Madrid e Milan pela Liga dos Campeões da Europa.