Substituído aos 19 minutos do segundo tempo do empate em 1 a 1 com o Chile, Fred levou um pito de Luiz Felipe Scolari pouco antes de sair do jogo. Em meio a um ataque dos chilenos, o treinador gritou com o atacante e colocou as mãos na cintura, num gesto que pode ser traduzido como "vai ficar aí parado?".

O camisa 9 estava no meio do campo, posicionado para um eventual contra-ataque e respondeu ao treinador, justificando sua colocação. Porém, como minutos depois deu lugar ao reserva Jô, provavelmente não convenceu o técnico.

Felipão, que sempre cobra ajuda de seus atacantes na marcação, recebeu Fred no banco com a mão estendida. O jogador retribuiu com um tapinha, numa demonstração de que não sobraram mágoas do episódio.

Afinal, o treinador tinha mais motivos para se preocupar. Para mudar a maneira de o time jogar, ele apelou para conversas individuais com os atletas à beira do gramado. Neymar, Oscar e Daniel Alves (duas vezes) foram alguns dos atletas que receberam orientações do técnico ao pé do ouvido. O lateral direito foi um dos jogadores para quem Felipão mais gesticulou durante o jogo. Como nos minutos finais, quando freneticamente o chefe fazia gestos para o lateral avançar.

Os sinais de Felipão também demonstravam o desespero do comandante da seleção brasileira  a cada chance perdida. No instante em que Jô desperdiçou seu primeiro ataque, ele se virou para o banco de reservas e jogou os braços para o alto, numa demonstração de desânimo. À medida em que o tempo passava, a inquietação do técnico aumentava. Ele não parava. Descia a escada para sentar no banco de reservas, levantava quase imediatamente, subia para o campo, colocava as mãos nos bolsos, tirava, cobria o rosto com elas a cada bola perdia,voltava para o banco e repetia o ritual de aflição.

Também foram disparadas reclamações para o quarto árbitro, algumas delas contra chilenos que se levantavam do banco de reservas. No entanto, em nenhum momento da partida Felipão reclamou mais do juiz como numa falta de Vidal supervalorizada por Neymar. O brasileiro saltou como se tivesse sido levantado pelo chileno. E Felipão reagiu cobrando do árbitro o rigor necessário num lance violentíssimo. Não foi o caso.

O chefe voltou a se preocupar com o camisa 10 quando o Brasil já estava classificado para as quartas de final do Mundial, superando o nervosismo da disputa dos pênaltis. Felipão comemorou socando o ar e com uma expressão de fúria. Porém, ao perceber que seu principal jogador estava prestes a desmoronar por causa do turbilhão de emoções, desmanchou a feição de guerreiro para agir como um pai carinhoso, fazendo um longo afago no filho.