Torcida esquece 'sou brasileiro' e não empolga nem com ensaio em hotel
Gustavo Franceschini e Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em Brasília (DF)
Quem foi ao Mané Garrincha, nesta segunda, atendeu em parte ao apelo dos patrocinadores e da própria TV Globo. Em um estádio com bem menos festa que os anteriores que receberam a seleção, o público de Brasília esqueceu de cantar "Eu sou brasileiro" em boa parte do jogo, mas falhou na tentativa de emplacar um novo grito para o time de Luiz Felipe Scolari.
A festa já dava sinais que, apesar de alguns torcedores dispostos, precisaria de mais ensaio. E não foram poucos. O público convidado pela Coca-Cola, por exemplo, chegou a treinar alguns cantos no hotel que servia de base para o grupo.
"Fizemos uma campanha forte mesmo. No nosso hotel, reunimos esses torcedores que ganharam ingressos da Coca e ficamos passando a música na noite de ontem [domingo]. Fazemos os mesmos nas festas e eventos. Hoje [segunda], ficamos cantando no caminho e tentando contagiar o povo que passava na rua", contou a guia Carolina Rocha, que acompanhava o grupo na arquibancada inferior do estádio.
Ao lado delas, dois "animadores" e os vocalistas do grupo Monobloco tentavam empolgar o público.
"Estamos incomodado com o jeito que a torcida vem se manifestando. A torcida precisa se renovar e entender que as músicas têm que ser mais fortes e empolgantes", disse Pedro Luís, um dos líderes do Monobloco.
Do lado de fora do Mané Garrincha, sobrou gente, mas também faltou animação. Em comparação com o Itaquerão e o Castelão, menos torcedores deram as caras fantasiados ou pintados, nenhum batuque foi ouvido e poucos coros, mesmo os mais sem-graça, eram ouvidos.
A falta de um rival à altura pode ter pesado. Em São Paulo e em Fortaleza, croatas e mexicanos, especialmente esses últimos, compareceram em bom número, instigando a torcida do Brasil a fazer mais pressão. Em Brasília, pouquíssimos camaroneses deram as caras para torcer por sua seleção, fazendo com que a partida fosse de um time só.
Na hora do hino, tudo certinho. Como era de se esperar, o público acompanhou a letra em coro mesmo após o fim da música. Escaldados, os jogadores dessa vez não foram às lágrimas, e a torcida tampouco atendeu o pedido da seleção para cantar a música abraçada.
O esforço da torcida foi focado na ideia de um novo grito. Antes da partida, folhetos era distribuídos por parceiros comerciais da Copa com sugestões de músicas para o estádio. A maior parte delas adaptações de melodias já consagradas, como "Explode coração", famoso samba-enredo do Salgueiro. Poucas foram lembradas, uma delas essa que lembrava o Carnaval.
O canto mais ouvido foi o de que o "Campeão voltou", que já havia aparecido de forma tímida anteriormente. Nada, porém, que empolgasse mais que uma "ola" um tanto quanto descoordenada, que acompanhava a câmera móvel do centro do gramado quando o jogo ainda estava bastante disputado.
O "Eu sou brasileiro" só deu as caras no segundo tempo. Aos 12 minutos, a torcida se empolgou com o 3 a 1 e lembrou do malfadado grito. Dois minutos depois, mais um "Explode coração" para lembrar aos desavisados que o velho hino já era.
Com o jogo encaminhado, o Chile virou o alvo, não antes de uma confusãozinha. Na hora de avisar que "a sua hora vai chegar" para o próximo rival da seleção, houve quem trocasse as bolas e gritasse Argentina. Um pequeno vacilo que resume bem a atuação da torcida nesta segunda: bem intencionada, mas ainda precisando de algum treino.
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