Manuel se apresentou para Neymar e Romário; agora quer ir à final da Copa
Vagner Magalhães
Do UOL, em Salvador
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Vagner Magalhães/UOL
Manuel das Embaixadinhas quer se apresentar na frente do Maracanã na final da Copa
A habilidade com a perna esquerda vem dos tempos de garoto, em Jacobina, no interior da Bahia. O gosto pelas embaixadinhas - o controle da bola sem deixar ela cair - vem da adolescência. No início da idade adulta, aos 20 anos, Manuel Souza Vicente, 36, fez delas o seu ganha-pão. Ele se apresenta em qualquer lugar de grande fluxo de pessoas em busca de uns trocados, com os quais se sustenta.
Nesta Copa, escolheu a Fan Fest de Salvador como ponto fixo. Carrega com ele um cartaz com fotos posadas ao lado de Neymar e dos campeões mundiais Romário e Rogério Ceni. Falcão, campeão mundial de futsal, também está no seu "currículo". Seu plano: se apresentar em frente ao Maracanã no dia da final da Copa. De preferência, com jogo do Brasil.
Manuel conta que a paixão pela bola vem de criança. Baixinho, diz ter "mais ou menos um metro e meio". Conta que nas peladas, quando a bola cai na sua perna esquerda, não desgruda mais. "Como toda criança, quis jogar futebol, mas não tinha condições financeiras para isso", resigna-se. Antes de assumir a condição de artista de rua, ele conta que trabalhou uns cinco anos em um supermercado.
"Todo mundo se admirava da minha habilidade e comecei a me apresentar. E não larguei mais". E sua apresentação é variada. Além de uma cópia pirata da Brazuca, ele anda com uma pequena mochila em que há bolas de tênis, de gude e um limão. Todos eles são usados em sua apresentação. "Faço até com ovo, mas hoje não tenho aqui", afirma.
Na partida da última terça-feira, contra o México, ele começou a dominar a bola e aos poucos as pessoas foram se juntando à sua volta. Foram cerca de 10 minutos sem deixar a bola cair. Com a bola controlada sobre a nuca, ele chegou a tirar a camisa, também pirata, da seleção brasileira, que vestia sobre uma camiseta branca. Sob aplausos. Muita gente apoia, tira foto, mas na hora de deixar um trocado, sai de fininho.
"Mas eu não posso reclamar. Cada um contribuiu com o que pode. Em um evento como esse, em que tem gente de todo o mundo, os estrangeiros costumam ajudar bem. Consigo me sustentar com o meu trabalho", diz ele. Como um bom empreendedor, não revela os ganhos. "Dá para tocar a minha vida".
Manuel diz que está fazendo umas economias para realizar o sonho de se apresentar em frente ao Maracanã, em 13 de julho, dia da final da Copa do Mundo. Pretende comprar uma passagem de ônibus para ir até lá. Segundo ele, é como estar em um grande teatro, em dia de casa cheia. Neste ano também se apresentou em todos os dias do Carnaval soteropolitano.
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