Polêmico, mas decisivo: Suárez silencia críticos ingleses com gols em SP

Do UOL, em São Paulo

Em junho de 2010, o atacante Luis Suárez, então no Ajax e com 23 anos, começava a aparecer para o mundo. Depois de fazer os dois gols contra a Coreia do Sul que classificaram o Uruguai para as quartas de final da Copa da África do Sul, Suárez definitivamente cravou seu nome no jogo seguinte, contra Gana. Não com um gol, mas sim com uma defesa.

Já na prorrogação, Suárez impediu com a mão o gol adversário, em cima da linha, e foi expulso. Asamoah Gyan errou a cobrança e a partida foi para a decisão por pênaltis, que terminou vencida pelo Uruguai. Suárez cumpriu suspensão na semifinal, onde o time perdeu para a Holanda, mas já havia se consagrado o anti-herói da Copa do Mundo.

Foi apenas a primeira de muitas polêmicas que marcariam o jogador nascido em Salto, quase na fronteira com a Argentina. A segunda seria em novembro de 2010, em um jogo do Campeonato Holandês entre Ajax e PSV, onde ele mordeu o ombro do rival Otman Bakkal e foi suspenso por dois jogos, sendo apelidado "Canibal do Ajax" pelo jornal De Telegraaf.

Mas controvérsias maiores estavam por vir depois que Suárez foi contratado por 22 milhões de libras pelo Liverpool, em 2011. No fim daquele ano, ele foi acusado de racismo por Patrice Evra, do Manchester United, e ficou suspenso por oito jogos; no reencontro com o rival, meses depois, o uruguaio se recusou a cumprimentá-lo, aumentando a polêmica.

Suárez recebeu o rótulo de vilão pela mídia inglesa, que também o acusaria, ao lado de treinadores como David Moyes e José Mourinho, de ser "cai-cai" e, em resumo, catimbeiro. Em abril de 2013, ele reassumiu o perfil "canibal" e mordeu o sérvio Ivanovic, do Chelsea, sendo punido por dez jogos. Até David Cameron, premiê britânico, o criticou por considerar que o ato foi um "mau exemplo para as crianças".

Veio o desabafo: "Por que ele [Cameron] não se preocupa com os problemas do seu país? Já pedi perdão pelo que fiz e não vou pedir de novo", disse Suárez, na ocasião. "Todos sabem que minha situação é complicada na Inglaterra por causa das críticas que recebo o tempo todo por parte da imprensa de lá."

Nesta entrevista de maio de 2013, Suárez deixava claro a possibilidade de deixar o Liverpool, mas seguiu na equipe. Só no Campeonato Inglês, foram quatro temporadas, 110 jogos e 69 gols - 31 apenas no último ano. Uma respeitável média de 0,62 gol por jogo em três anos e meio.

Faltava mais. De fora da estreia do Uruguai após sofrer uma lesão nos meniscos a menos de um mês do começo da Copa, Suárez não pôde ajudar sua equipe contra a Costa Rica, em teoria o rival mais fraco do grupo D - e que surpreendeu o Uruguai com uma vitória por 3 a 1.

Mas ele voltou contra a Inglaterra em grande estilo e, como fez na Copa de 2010, marcou os dois gols da vitória da Celeste, que agora buscará sua classificação contra a Itália no último jogo.

Houve choro, emoção e, logicamente, desabafo. Suárez não esqueceu as críticas recebidas no país que mais assiste a seus shows no gramado e que, nesta quinta-feira, foi vítima de um jogador tão decisivo quanto leal.

"Eu sonhei com isso. A verdade é que estou aproveitando esse momento. Tudo que se falou de mim, as críticas que eu recebi antes, e que absorvi...  Jogar contra a Inglaterra, depois de tudo que falaram, era algo que eu sonhava. Pensei nisso muitas vezes", admitiu.

Há três dias, Roy Hodgson, técnico inglês, elogiou Suárez, mas disse que ele ainda precisava provar seu potencial num Mundial. "Você pode ser um grande jogador na sua liga, mas para ser reconhecido como um dos grandes de todos os tempos, você precisa fazê-lo na Copa do Mundo." Suárez começou a responder nesta quinta, em São Paulo.

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