Tratando um câncer, fisioterapeuta do Uruguai vira herói para Suárez
Luis Augusto Símon
Do UOL, em São Paulo
Os jornalistas marcaram Luis Suárez na zona mista do Itaquerão com mais gente e mais próximos do que na área inglesa, superada pelo atacante na vitória celeste por 2 a 1 nesta quinta-feira.
Marcam com muito mais carinho também. Todos os uruguaios o tratam como uma unanimidade, como o maior goleador da história da Celeste, com 41 gols marcados.
Carismático, ele corresponde à espera e a tantas perguntas. Logo no começo, manda um recado – tipo Leo, do Santos – aos ingleses. "Disseram que eu estava 50% e me vaiaram muito. Pois é, e se eu estivesse 100% como seria? O que eles fariam?
Logo em seguida, passou a agradecer fervorosamente a Walter Ferreira, fisioterapeuta da seleção. "Só estou aqui por causa dele. Só joguei por causa dele", disse. Sem palavras, ele já havia agradecido após o primeiro gol, abraçando-o e apontando sua careca para todo o mundo que via o jogo.
Ferreira é funcionário do Nacional e da seleção. É muito querido pelos jogadores há tempos. Ruben Sosa, Francescoli e outros ex-ídolos da seleção uruguaia vinham da Europa para tratar-se com ele.
Ele está com câncer e suspendeu a quimioterapia para poder tratar do joelho de Suárez. Por isso, era muito abraçado no vestiário. "A festa para ele era enorme, como se fosse um jogador. Ele merece", explicou Eduardo Ache, presidente do Nacional.
Suárez, segundo ele, chorou muito. Está com o joelho ainda inchado. "Foram lágrimas de dor e de alegria. É uma honra ter um jogador assim em nosso país".
Para Suárez, o jogo foi como ele gosta. "O Uruguai não gosta de posse de bola, não gosta de comandar a partida. Nós gostamos de jogar assim como jogamos. Com vontade e com entrega, além de velocidade. Poderíamos ter feito mais gols ainda".
O atacante pediu licença para não comentar sobre a Itália, próxima adversária no grupo D. "É outra final e gostamos de finais. Mas agora eu só quero descansar e comemorar muito a Celeste".