A Espanha em Curitiba para quem não viu: confusão, revolta e churrasco
Guilherme Palenzuela
Do UOL, em Curitiba
-
Guilherme Palenzuela/UOL
Mais de 250 homens da Polícia Militar trabalharam do lado de fora do CT do Caju
A seleção espanhola fez um treino aberto a convidados e ao público de Curitiba, com limitações, na tarde desta terça-feira, no CT do Caju. Com limitações porque foram, no fim das contas, quase 700 pessoas que entraram com convites distribuídos pelo Comitê Organizador Local (COL) e apenas pouco mais de 300 que aguardaram por horas na fila do lado de fora do local. E a equação deixou muitos insatisfeitos: aqueles que não puderam ver a Espanha treinar viveram momentos tensos, com princípio de tumultos, confusões com informações desencontradas e na fila e revolta, com gritos e cartazes.
Na segunda-feira, o Secretários Especial para assuntos da Copa do Paraná, Mario Celso Cunha, declarou ao jornal Gazeta do Povo que o treino seria aberto ao público. O mesmo foi dito pelo Secretário Municipal Reginaldo Cordeiro. A Federação Espanhola falou que o treino seria apenas para convidados, e não aberto. E na manhã de terça-feira, o canal de comunicação da Fifa com os jornalistas mais uma vez deu a informação que o treino seria aberto.
Pois foi aí que começou a revolta dos torcedores. Ao serem informados na fila, que passou de 1 mil pessoas, que apenas uma pequena parte entraria, começaram pequenos protestos. A imprensa, de modo geral, foi a principal culpada na boca dos que esperavam assistir à atividade dos campeões do mundo no CT. As informações divulgadas por alguns dos veículos que fazem a cobertura não se comprovaram.
A Polícia Militar apareceu com 250 homens para impedir tumultos e conseguiu. Fez um cordão de separação para que a fila se mantivesse durante horas. Pouco a pouco, os policiais foram tirando o grande número de pessoas, começando pelos últimos da fila, para que fora do CT, colados no muro à espera de entrar, ficassem apenas cerca de 300 pessoas. Na hora, pessoas conseguiram cartolinas e fizeram cartazes: "Treino para a elite", "Só 300 vagas"… E teve até apelo para o técnico espanhol, Vicente Del Bosque, para que permitisse a entrada de todos. De nada adiantou.
Quando os convidados com ingresso entraram, a fila começou a andar. E foi nesse momento que a polícia falhou ao controlar a fila. Abriu o início da fila em lugar que se concentravam muitas pessoas. Alguns, que tentavam em vão obter formas de entrar com a imprensa e que haviam acabado de chegar, furaram a espera de quem ficou das 10h às 15h na porta do CT do Caju. Houve muitos gritos e algumas pessoas exaltadas, sem incidentes.
E houve também quem encontrasse na Espanha em Curitiba uma oportunidade para ganhar dinheiro. Foi o caso de Michele de Oliveira, 28, moradora de uma das casas em frente ao muro lateral do CT da Caju, pelo qual entraram imprensa e torcida na terça-feira, na rua Lupianópolis. Ela improvisou uma churrasqueira e fez espetinhos de carne e de linguiça, vendidos a R$ 2. Conquistou o público. "Na outra vez o Brasil veio treinar aí, ficou cheio de gente e eu não fiz porque pegou a gente de surpresa. Dessa vez me preparei porque a gente já sabia que a Espanha viria e ficaria no CT do Atlético-PR", afirmou.
De fora do CT, os torcedores que não entraram ainda participaram das principais manchetes. Se aglomeraram em telhados de casas da rua para que conseguissem ver a atividade no miniestádio. De lá, gritaram "Diego traíra", de forma jocosa, para provocar o atacante brasileiro Diego Costa, que decidiu representar a Espanha para jogar a Copa do Mundo.