4 anos depois, CT do Caju troca 'segredos' de Dunga por Espanha sem vetos

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Curitiba

Ficou marcada pelo secretismo a passagem da seleção brasileira do técnico Dunga pelo CT do Caju, em preparação para a Copa do Mundo que durou seis dias entre 21 e 26 de maio, em 2010. Treinos fechados, perguntas sem respostas, local enclausurado por tapumes e veto ao público. Mostrava os traços combativos do perfil do treinador, característica que ficaria evidente um mês depois, na Copa do Mundo. Mas nesta segunda-feira, quatro anos depois, a situação foi completamente diferente. A seleção da Espanha, campeã do mundo, não adotou a mesma linha e dá os primeiros sinais que não deverá se fechar tanto no Brasil.

Os seis dias da seleção brasileira em Curitiba, em 2010, antes do embarque para a África do Sul, se marcaram logo de início por uma suspeita de lesão de Kaká, o protagonista. Muitas perguntas, poucas respostas. A maioria inconclusiva. O que atrapalhava ainda mais é que os treinos não podiam ser acompanhados pela imprensa. Os repórteres e outros profissionais que trabalharam naquela cobertura se deslocavam para o CT apenas para participar das entrevistas coletivas. Sem ver o treino, era impossível, também, fazer alguma dedução. Continuavam os segredos.

A mesma situação valeu para o goleiro Julio Cesar. Surgiram as primeiras notícias de que ele estaria com uma lesão nas costas, impossível de ser confirmada. Depois, na África do Sul, longe do CT do Caju, as câmeras encontraram a proteção especial que o goleiro usava nos treinos. Fim de tanto mistério.

E para os torcedores também era maior a dificuldade para conseguir ver um pouco da seleção brasileira em Curitiba. Os curiosos, que já sofrem entre frestas de muros e portões para ver um vulto, uma bola passando, encontraram tapumes em diferentes entradas do CT do Caju em 2010. Tudo a mando da seleção brasileira. Veto total. Jornalistas que chegavam antes da hora marcada para o início da atividade, na tentativa de conseguir alguma informação, também encontravam os tapumes.

Tudo diferente de como a Espanha encarou nesta segunda-feira o início da Copa do Mundo. Sem tapumes, sem segredos. O departamento de comunicação da federação espanhola, conhecido pelo perfil reservado, não via problemas em responder perguntas sobre a programação dos jogadores nesta terça-feira, que ainda nem havia sido publicada pela Fifa, como de costume. Também foram passadas informações sobre o treino aberto a público convidado nesta terça.

Fora do CT, quem ficou no portão frontal do CT conseguiu ver um pouco da movimentação causa pelos espanhóis nos campos. Não houve cordão de isolamento e muito mesmo tapumes. A seleção treinou a cerca de 100 metros da entrada, de onde se ouviu gritos durante a atividade. Houve até um torcedor que pulou o muro do CT do Caju e conseguiu entrar para assistir ao trabalho dos campeões mundiais. Diego dos Santos, de 24 anos, se misturou entre os jornalistas e deu entrevistas para diferentes veículos. Manteve a discrição para que não fosse reconhecido. Levou uma camisa do atacante Fernando Torres, do Chelsea (ING), em mãos, a quem tem como ídolo. Assistiu ao treino e novamente se misturou para sair. Não foi flagrado pelos seguranças.

Em 2010, a pressão do público frente aos tapumes foi tanta que o técnico Dunga foi xingado. Depois, como resposta, houve um treino aberto ao público. A imprensa conseguiu ter acesso a uma única atividade, e apenas recreativa, sem qualquer demonstração tática ou treino técnico da equipe.

A Espanha escolheu o CT do Caju, em Curitiba, para ficar alojada e treinar durante a Copa do Mundo. Os comandados do técnico Vicente Del Bosque estreiam na sexta-feira, contra a Holanda, em Salvador. No dia 23, jogam na Arena da Baixada, de volta a Curitiba, contra a Austrália. 

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