Espanha em Curitiba? Em 1950, jornal espanhol chamou de "capital do Panamá"

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

Dois gols de Basora e um de Zarra, vitória na estreia contra os Estados Unidos: 3 a 1. Foi esse o começo da seleção espanhola na Copa do Mundo de 1950, no Brasil. E tudo aconteceu em Curitiba, mesma cidade na qual agora Xavi, Iniesta e Piqué ficarão alojados e treinarão durante o torneio, a partir deste domingo. Há 64 anos, a estreia da Espanha aconteceu no estádio Durival Britto, hoje mais conhecido como Vila Capanema e casa do Paraná, e foi documentada de forma fiel pelo ABC, de Madrid, um dos mais antigos diários espanhóis. E com algumas peculiaridades: Curitiba foi descrita como a capital do "Panamá", e não do Paraná.

Os textos publicados entre maio e julho de 1950 podem ser vistos nas páginas extraídas do acervo histórico do ABC, disponibilizado no website do diário. O periódico publicava matérias de um repórter enviado ao Brasil, que acompanhou a seleção espanhola durante período de treinos de Curitiba e depois nas partidas. Além do equívoco quanto ao nome do estado em que está situada a cidade, a decrisão é curiosa. A atenção da reportagem espanhola à época foi para o clima e para a presença ou não de compatriotas na região.

"Centro importante de cultura, com cerca de 150 mil habitantes, capital do Panamá, situada a mais de 900 metros do nível do mar, se disfruta nela uma agradável temperatura. Melhor na época da Copa do Mundo. Se encontra ao sul de São Paulo, numa esplêndida planície regada pelo Iguaçu", cita um dos trechos das reportagens publicadas pelo ABC em 1950. Hoje, Curitiba registra mais de 1,8 milhão de habitantes segundo levantamento do IBGE de 2013. E se para o brasileiro a cidade é fria comparada aos demais, o clima pareceu ameno para os europeus.

Outro trecho de uma das reportagens publicadas durante a Copa menciona que a comunidade estrangeira mais significante em Curitiba é a alemã, e que seria melhor a seleção espanhola jogar em Belo Horizonte, onde teria maior apoio da torcida. E o que surpreende é o baixo número que, na época, parecia tão expressivo.

"No aspecto estrangeiro predominam os alemães. Há poucos espanhóis, de modo que nesse aspecto haveria sido preferível Belo Horizonte, onde figuram mais de 600 compatriotas que constituem a terceira colônia mais numerosa depois de italianos e portugueses", diz o trecho, valorizando os 600 espanhóis na capital de Minas Gerais.

E Curitiba parece não ter dado sorte à Espanha apenas na estreia. A Fúria surpreendeu e teve ótimo desempenho na Copa do Mundo de 1950. Além dos Estados Unidos, superou Inglaterra e Chile na fase de grupos e acabou no 4º lugar no quadrangular final, atrás de Uruguai, Brasil e Suécia. Durante décadas, esta foi a melhor campanha da Espanha em Copas do Mundo. Sò foi desbancada em 2010, quando Iniesta marcou gol na prorrogação sobre a Holanda, na África do Sul, e fez da Espanha campeã mundial pela primeira vez.

Desta vez, em 2014, novamente será forte o laço entre Espanha e Curitiba. A federação espanhola escolheu a cidade para ficar alojada. Treinará durante a Copa do Mundo no CT do Caju, do Atlético-PR. Ainda realizará uma partida na cidade, contra a Austrália, no dia 23, desta vez na Arena da Baixada. Os espanhóis chegam a Curitiba neste domingo, após período de preparação em Washington, nos Estados Unidos. 

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