Em Itu, racionamento de água castiga vizinhos de Japão e Rússia

Adriano Wilkson

Do UOL, em Itu

  • Adriano Wilkson / UOL

    O comerciante Gildásio da Silva sofre com abastecimento de água precário em Itu

    O comerciante Gildásio da Silva sofre com abastecimento de água precário em Itu

A cidade de Itu reformou um complexo esportivo, criou um centro de mídia, sinalizou as ruas, instalou placas bilíngues e programou um festival cultural para receber as seleções e os torcedores do Japão e da Rússia. Mas, dentro de casa, os moradores sofrem com um rígido racionamento de água e precisam improvisar para fazer as tarefas básicas do dia a dia.

Há cerca de dois meses, os ituanos passaram a sofrer com o abastecimento precário, e nas últimas semanas as torneiras começaram a fornecer água em dias intercalados, dia sim, dia não. E eventualmente nem isso.

O comerciante Gildásio Ferreira da Silva, que trabalha no centro da cidade, conta ter ficado oito dias com torneiras secas dependendo de baldes d'água que ele trazia do vizinho.

"Nos últimos dias, até que começou a ter água à noite, melhorou um pouco, acho que por causa da Copa eles deram uma maquiada, mas mesmo assim, tá difícil", afirma Ferreira.

Todas as pessoas na cidade que conversaram com a reportagem contaram histórias semelhantes.

Os jogadores das seleções e os turistas talvez nem percebam o problema porque os melhores hotéis de Itu têm seu próprio poço artesiano e não dependem do abastecimento público.

Mas quem não tem o próprio poço precisa estocar água ou apelar a um procedimento que tem se tornado comum entre os micro-empresários locais: a vaquinha para comprar água. Basicamente, os proprietários de estabelecimentos que dependem de muita água, como restaurantes, se reúnem e pagam um carro-pipa para fazer o abastecimento.

A cidade está cheia de carros-pipas ultimamente.

E é aparentemente neles que o munícipio confia para reverter uma possível situação de emergência hídrica nos próximos dias, quando o fluxo de turistas na cidade deve aumentar.

Marilda Cortijo, presidente da comissão municipal para a Copa do Mundo, não demonstrou grande preocupação quando questionada pela reportagem sobre o problema de abastecimento. "As seleções não devem se preocupar com isso porque os hoteis têm abastecimento próprio", reiterou ela. "Os demais turistas, se houver algum problema mais sério, temos carros-pipa para eventualidades."

Logo depois dessa entrevista, choveu pela primeira vez com mais intensidade depois de um mês de estiagem em Itu, mas ninguém parece confiante de que a solução para o problema virá do céu.

O reservatório de Itu está com 10% do nível, e a concessionária Águas de Itu, que abastece os 155 mil moradores da cidade, tem reforçado as campanhas de economia.  

A chegada do Japão a Itu está programada para este sábado. Já a Rússia chegará um dia depois. As duas seleções escolheram a cidade principalmente pela proximidade com o aeroporto de Viracopos, em Campinas.
 
Os japoneses jogarão a primeira fase em Recife (contra Costa do Marfim), Natal (Grécia) e Cuiabá (Colômbia). Os russos também vão a Cuiabá (enfrentar a Coreia do Sul) e depois seguem ao Rio (Bélgica) e Curitiba (Argélia). 

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