Roupeiro da seleção entrega vaidosos e diz como jogadores o ajudam no bicho

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

  • Eduardo Knapp/Folhapress

    Rogelson é roupeiro da seleção brasileira desde 1993

    Rogelson é roupeiro da seleção brasileira desde 1993

São 21 anos de seleção brasileira e a edição de 2014 será sua sexta Copa do Mundo. Ele tem como missão deixar no jeito o uniforme e chuteira que são usados pelos craques do time nos jogos e entra até na fatia do bicho distribuído para o elenco nas vitórias. Já foi confundido com Mauro Silva no Mundial de 1994, mas se trata de Rogelson da Silva Barreto, 55 anos, roupeiro da seleção brasileira.

Ele foi levado para a equipe pelo ex-supervisor Américo Faria, em 1993. Desde então, passou a rodar o mundo com o time verde e amarelo. Teve e tem relação próxima com alguns dos craques e tem a possibilidade de ver e saber de histórias como noitadas e mulheres. Só que o humilde profissional mostra fidelidade à entidade e ao grupo.

"Na concentração eu nunca vi mulheres. Eles saíam nos dias de folga, na concentração nunca teve isso. Cada um sai por si mesmo, entendeu? Eu só (saio com jogador na folga) para passear  em shopping e relaxar um pouco", respondeu quando questionado sobre o histórico de mulheres e baladeiros na seleção.

"A minha atividade é limpar chuteiras, apertar as tarraxas, engraxar as chuteiras, calibrar as bolas e preparar o material, o uniforme, também da comissão técnica", continuou.

O que se tira de Rogelson é a lista dos mais vaidosos e que pedem mais atenção e cuidado com o material nos dias de jogos.

"Tem o Thiago Silva, o David Luiz, o Marcelo e o Neymar. Mas é uma vaidade na deles. A vaidade está mais no cabelo e no perfume. E quando se fala em jogo, eles estão preocupados com as chuteiras, pra ver se estão boas, entendeu? Se as tarraxas estão bem, se estão apertadas. O Thiago Silva pede pra trocar as tarraxas, o David Luiz, Marcelo e Oscar também. O Júlio César, de vez em quando, pede pra trocar as tarraxas; depende do campo, se a grama está muito alta ou baixa, ou até molhado demais", explicou.

O roupeiro da seleção revela que não coleciona camisas e nem fica com elas depois do jogo. Diz ter um salário fixo de R$ 3.500,00 e que varia com bônus e premiações por competições de diferentes durações disputadas pela equipe.

Conta que uma das melhores lembranças em seu emprego de aproximadamente 20 anos foram as promessas de Romário por um bicho gordo após os jogos da Copa dos Estados Unidos. "Em 1994, o Romário falava pra mim: 'Barretinho, fica tranquilo que é bicho certo todo jogo'. Antes de todos os jogos ele vinha pra mim e falava isso. Quando acabava o jogo, ele dizia 'falei pra você, Barretinho'. O Baixinho era diferente, ele sempre me falava 'fica tranquilo que é vitória, Peixe", recordou.

Se não leva embora camisa dos jogadores, pelo menos uma grande relíquia ele conta ter: ficou  com as chuteiras utilizadas por Ronaldo na final da Copa do Mundo de 2002, contra a Alemanha, em Yokohama, no Japão. Elas só tiveram um destino inusitado.

"Ele pedia para eu amaciar as chuteiras dele e eu fazia com o maior prazer e carinho, passando energia positiva pra ele fazer uma boa partida e sair vitorioso. Fiz isso desde o primeiro jogo da Copa, contra a Turquia. E ele me falou antes da final: 'Barretinho, essa é a chuteira do jogo. Vou meter um gol hoje'. E tudo que ele falava, fazia. Me falou pra ficar tranquilo que quando terminasse a Copa as chuteiras dele seriam minha", contou.

"Quando acabou o jogo contra a Alemanha, no vestiário, ele me deu e falou: 'leva que são suas'. As chuteiras hoje estão na casa de um amigo meu colecionador. Ele mostra para os outros só para fazer uma presença. Mas elas são minhas", finalizou.

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