Inglaterra 'lidera' Brasil na Copa e Ramires vê chance de redenção

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres (ING)

Se a falha na partida contra a Holanda no Mundial da África do Sul, em 2010, fez de Júlio César um dos grandes vilões da seleção brasileira no torneio, o goleiro não é o único em busca de redenção quatro anos mais tarde. O meia Ramires, que não disputou o confronto pelas quartas-de-final por ter sido suspenso no jogo anterior, com o Chile, vê na competição uma chance de apagar a frustrações de sua primeira participação em Mundiais.

"Essa convocação do Felipão é uma segunda chance para mim. Já que não posso voltar no tempo, quero tentar construir um futuro e apagar aquela mágoa. Foi muito duro não poder ajudar o time em 2010", disse Ramires, em entrevista ao UOL Esporte.

Depois de jogar apenas 17 minutos nas três partidas da seleção pela fase de grupos na África do Sul, o meia herdou a posição do lesionado Elano para o jogo contra o Chile, nas oitavas-de-final. Aos 26 minutos do segundo tempo, quando o time de Dunga já vencia por 3 a 0, Ramires levou um cartão amarelo tolo, que se somou ao que tinha recebido aos 43 minutos do segundo tempo na estreia contra a Coreia do Norte. Ficou fora do duelo com os holandeses e forçou Dunga a escalar Daniel Alves improvisado no meio de campo.

Ramires é um dos cinco jogadores chamados por Felipão que já atuou numa partida de Mundial e acredita que pode ajudar a tranquilizar um grupo de "virgens" no Brasil. "Eu tinha apenas 23 anos quando disputei minha primeira Copa do Mundo. Estava há um ano na Europa. Tudo que passei na África do Sul me ajudou a amadurecer muito. E espero poder passar isso para o grupo".

Na época jogando no Benfica (Portugal), Ramires logo depois da Copa foi contratado pelo Chelsea, na primeira chegada de alto nível de um jogador brasileiro ao clube de Londres. Em 196 jogos pelos Blues, marcou 27 gols e contribuiu para a conquista da Liga dos Campeões  de 2012. Na seleção, porém, passou por períodos de ausência, mais notadamente uma "geladeira" proporcionada por Felipão no início do ano passado.

"O Felipão já havia deixado no ar que eu seria convocado para a Copa, mas a ficha só caiu quando vi meu nome na lista. Não há palavras para descrever a alegria e o orgulho que estou sentindo por ter a chance de ajudar o Brasil", desconversou o jogador.

Um dos seis jogadores "ingleses" chamados por Luiz Felipe Scolari, Ramires celebrou a companhia dos colegas de equipe David Luiz, Oscar e Willian na seleção. "Trazemos um entrosamento natural e temos este sonho de ajudarmos a seleção como ajudamos o clube. Será uma experiência muito especial", acredita Ramires.

Nem mesmo a possibilidade de disputar posições diretamente com Oscar ou William por vagas no time titular diminui o entusiasmo do jogador carioca. "Meu objetivo era estar entre os 23 convocados. Quem vai jogar e como vai ser escalado são questões que o treinador precisa decidir. A dor de cabeça é dele, mas eu acho que ele não vai reclamar muito", brinca o meia.

Felipão revê Chelsea e uma nova Inglaterra

Responsável por ceder o maior número de jogadores da seleção que foi convocada para a Copa do Mundo, o Chelsea se reapresenta para Luiz Felipe Scolari de uma maneira bem diferente daquela de 2009, quando o técnico foi demitido do clube inglês após apenas nove meses de trabalho.

Mas a influência inglesa não para por aí: as adesões de Paulinho (Tottenham) e Fernandinho (Manchester) pela primeira vez colocam o país inventor do futebol como o dominante na seleção num Mundial.

A concentração de ingleses reflete a "redescoberta" da Inglaterra pelos atletas brasileiros. Se anteriormente falava mais alto o poder aquisitivo das equipes do país na atração de jogadores estrangeiros, o fato é que os ingleses na última década recuperaram credibilidade esportiva: os clubes do país disputaram sete das oito finais de Liga dos Campeões da Uefa entre 2005 e 2012. Hoje, a Premier League é o mais globalizado entre os grandes campeonatos europeus, com 62% de estrangeiros, bem à frente da Bundesliga (Alemanha), com 49,5%.

Sim, os ingleses nos últimos 20 anos deram um salto comercial impulsionado pelas receitas de TV, mas hoje seu clube mais rico é o Manchester United, quarto colocado no ranking dos 20 mais endinheirados do mundo. A disputa pelo maiores talentos do mundo ganhou a companhia da França e é na qualidade técnica que os clubes ingleses vem atraindo jogadores.

O Chelsea se transformou numa espécie de filial. Trouxe Ramires e David Luiz do Benfica e tirou Oscar do Internacional após a Olimpíada de 2012. Willian veio numa negociação mais complicada, em que um dos rivais locais do Chelsea, o Tottenham, alardeou o fato de que o jogador, então no Anzhi (Rússia), fazia exames médicos no clube. No entanto, a agremiação do oeste de Londres atravessou as negociações.

Paulinho chegou ao Tottenham como uma das contratações mais caras da história do clube, mas vem se estranhando com o treinador interino Tim Sherwood. Fernandinho veio da Ucrânia para reforçar um Manchester City próximo de conquistar seu segundo título inglês em três anos. Ganhava bem no Shakhtar Donestk e abriu mão de luvas para ir jogar na Inglaterra. E pode colher uma dupla recompensa com a convocação para a Copa do Mundo.

Confira os 23 convocados do Brasil para a Copa do Mundo:

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Tradutor: Em busca de ?redenção paralela?, Ramires comemora convocação

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