Caju detona dupla Felipão-Parreira e diz torcer contra Brasil: 'brucutus'

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

Paulo Cezar Caju segue insatisfeito com o futebol brasileiro. Após criticar Pelé por sua postura no debate sobre o racismo no esporte, o ex-jogador e tricampeão do mundo pela seleção atacou a dupla Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira.

Conhecido pelas opiniões firmes e sua "corneta" sempre afiada, Caju disse que não torcerá pelo Brasil na Copa do Mundo e colocou na conta da atual comissão técnica da seleção a culpa pela campanha contra o futebol praticado no país.

"Serei Alemanha, Espanha e Argentina na Copa. Torço para que uma dessas três seleções vença. Eu gosto de futebol bonito, bem jogado. Temos que premiar quem joga de verdade. Não posso torcer para uma seleção que joga futebol de regulamento, de resultado, futebol feio", disse Caju, em conversa com o UOL Esporte.

"Não estou nem aí para o time do Brasil. Isso é preocupação para Felipão e Parreira. Não torço para esses caras. Não dá para bater palma para isso. Tática ultrapassada, não deixam o adversário jogar, dão porrada... isso é muito feio. O Brasil sempre foi reconhecido pela arte, pelo swing, pelo brilho e hoje não temos mais isso. Temos bons jogadores e valores, mas o time em si é brincadeira. Coisa feia, é um anti-jogo que não dá prazer. Só querem saber de encher o time de volante e colocar jogador alto. A especialidade hoje é a bola aérea. Não dá. Vai pro c... Cadê a técnica, o passe, a jogada bonita? É um bando de brucutu sem técnica em campo. É muita gente com a bunda no chão, só dando carrinho", atacou o tricampeão mundial.

Kleina e até Neymar criticados
Paulo Cezar Caju disse ainda que a prática de não torcer para a equipe em copas não é novidade e estendeu a crítica a outros treinadores.

"Parei de torcer pela seleção em 1994, quando ganharam aquele Mundial de maneira horrorosa. Passaram a achar que aquela estavam corretos. O cara [Scolari] enche a boca pra dizer que é o último campeão do mundo, mas não lembra que foi demitido do Chelsea, que não ganhou nada com Portugal. Se fosse por título antigo, era melhor colocar o Zagallo, ressuscitar o Aymoré Moreira [campeão em 1962] e o Vicente Feola [campeão em 1958]. É muito professor de educação física que nunca jogou bola na vida, nunca chutou uma laranja. É isso mesmo. Tal de Húngaro [ex-Botafogo] jogou aonde? Gilson Kleina jogou aonde? Parreira jogou aonde? E adoram arranjar uma desculpa. Quando perdem, culpam o calendário. Eu jogava domingo, terça e quinta. Nunca ficamos chorando por isso. Só reclamam. Ninguém tenta resgatar o futebol bonito de antigamente ou criar algo novo. A primeira preocupação é sempre não perder, não tomar gol, impedir que os outros joguem.", disse.

Por fim, a fúria de Paulo Cézar Caju não poupou nem mesmo aquele que ele diz ser uma das poucas coisas boas do futebol brasileiro na atualidade.

"O Neymar é bom demais, tem swing, mas precisa utilizar melhor isso. Ele trava muito o jogo lá no Barcelona, é muito individualista. Acaba parando um time que tem o toque de bola rápido. Se estivesse no Real Madri, talvez tivesse mais sorte. Lá não tem muito toque de bola, é só na individualidade. É Cristiano Ronaldo, Di María... Ele cairia muito bem lá, iria se encaixar muito bem. Era só dar uma bola pra cada um", brincou.

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