PF identifica fraude em construção de hotel na Paraíba para a Copa do Mundo
Guilherme Costa
Do UOL, em São Paulo
A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira uma série de mandados de busca e apreensão relacionados à construção de um hotel na Paraíba. O empreendimento obteve financiamento de um fundo direcionado à Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, e os policiais têm convicção de que houve fraude.
"Temos convicção absoluta", confirmou o delegado Leonardo Paiva, da Polícia Federal da Paraíba. "Cumprimos ordens judiciais de busca e apreensão na casa dos investigados e no estabelecimento comercial para tentar identificar provas que mostrassem como se deu a fraude", completou.
O hotel captou R$ 7 milhões do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), uma linha de crédito criada para atividades de apoio à Copa do Mundo de 2014. A Polícia Federal ainda não conseguiu medir o tamanho da fraude.
"Já sabemos que um empresário de Brasília está à frente do esquema. Resta saber se o sócio dele também fez parte e se os funcionários do Banco do Nordeste do Brasil foram negligentes ou se participaram", afirmou Paiva.
A operação deflagrada nesta terça-feira recebeu o nome de "Gol Contra". A suspeita de fraude surgiu em fiscalização de rotina da Controladoria Geral da União, e os mandados executados pela PF encontraram notas fiscais frias e R$ 130 mil em espécie. Computadores e documentos foram apreendidos para análise.
Essa análise é o próximo passo na investigação. Computadores e documentos passarão por averiguação da perícia da PF, e esse processo pode levar de 60 a 90 dias. Até aqui, quatro pessoas estão sendo investigadas.
"Muitos valores foram objetos de notas frias, superfaturamento e aquisições com valor abaixo do que deveria ter sido feito. Para obter um financiamento, eu apresento um projeto e digo que preciso de R$ 1 milhão para um sistema de ar condicionado. O banco me dá R$ 1 milhão, mas eu vou lá e compro por R$ 200 mil. Para onde vão os outros R$ 800 mil?", questionou o delegado da Polícia Federal.
As quatro pessoas que estão sendo investigadas ainda darão depoimentos à Polícia Federal. Se o crime contra o sistema financeiro nacional for confirmado, elas podem ser indiciadas e pegar até oito anos de reclusão.