Família vai pedir R$ 1 milhão por morte de operário no Itaquerão
Adriano Wilkson
Do UOL, em São Paulo
A família do operário Fabio Hamilton Cruz vai pedir indenização de R$ 1 milhão pela sua morte, que ocorreu no último sábado no canteiro de obras do Itaquerão.
Um processo será aberto contra as três empresas envolvidas na obra: Odebrecht, Fast Engenharia e WDS Construções. O advogado da família, Ademar Gomes, descartou a princípio incluir o Corinthians entre as instituições processadas.
Também será pedida uma pensão vitalícia para a mãe de Fabio, Sueli Rosa Dias, de 45 anos.
De acordo com ela, o dinheiro não será suficiente para reparar a morte de seu filho, que caiu enquanto trabalhava na montagem das arquibancadas provisórias do estádio, na zona leste de São Paulo.
"Eu espero que seja feita justiça", disse Sueli, "Eu sei que a reparação financeira ajuda, mas não tem dinheiro nenhum que pague a alegria que ele tinha. Ele era conversador, muito alegre, novo, estava no começo da vida dele."
Ela disse que a Fast Engenharia pagou apenas o caixão, o transporte do corpo e flores para um cemitério em Diadema, onde Fabio morava.
"Eles não querem assumir a responsabilidade, querem jogar a culpa em cima do Fabio", disse Sueli. "É isso que eu não vou aceitar. Ele não teve culpa."
A família diz que o operário não teve treinamento suficiente para atuar como montador. Oficialmente, ele era empregado como ajudante. Sueli disse que Fabio já tinha reclamado das condições de segurança da obra e que relatara que um de seus colegas havia perdido os dedos em um acidente no canteiro.
RESPONSABILIDADES
Gomes, o advogado, disse que, apesar de a Odebrecht não ser a responsável pela montagem das estruturas provisórias (obra em que a vítima trabalhava), a empreitera será processada por, segundo ele, ser a que tem mais teria de condições de pagar o valor pedido.
"Se a WDS não tiver condições de pagar, se for, por hipótese, uma empresa de fachada, a Odebrecht tem que ter, ela que é responsável pela obra como um todo", afirmou Gomes.
Após a publicação desta reportagem, a assessoria de imprensa da empreiteira procurou o UOL Esporte para dizer que "a Odebrecht não tem nenhuma responsabilidade sobre o fato. [O acidente] Só aconteceu no mesmo canteiro de obras."
Desde que Fabio morreu, as empresas envolvidas na construção do Itaquerão começaram um jogo de empurra para desvincular suas imagens da tragédia.
Fabio trabalhava na construção das arquibancadas provisórias do estádio, uma obra contratada pela cervejaria Ambev e tocada pela Fast, que subcontratou a WDS. É o carimbo da WDS que está na carteira profissional de Fabio.
No documento, consta que o funcionário recebia um salário mensal de R$ 1067.
A entrevista coletiva aconteceu em um luxuoso escritório de advocacia em um bairro nobre de São Paulo.