Ministério rebaixa "padrão Fifa" e reclama de pressa na obra do Itaquerão

Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

A obra do Itaquerão está interditada temporariamente, mas o problema com as arquibancadas provisórias não é o único do estádio de abertura da Copa do Mundo. Segundo a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, a Odebrecht exagera nas horas extras de seus funcionários e pode ser multada por isso.

"Recebemos muitas reclamações de que o protocolo da última interdição não está sendo cumprido. Vamos conversar sobre essa questão com eles nesta terça. Vários trabalhadores falaram e há uma constatação dos nossos fiscais que estiveram lá", disse Luis Antonio de Medeiros, superintendente regional do trabalho e emprego do Estado de São Paulo, em entrevista ao UOL Esporte.

O descumprimento do protocolo, segundo ele, não implica em uma nova interdição da obra, mas sim em uma multa à construtora, responsável pela maior parte do estádio. As regras para o cumprimento de horas extras foram estabelecidas no fim da última paralisação do Itaquerão, no fim do ano passado, quando um guindaste caiu e matou duas pessoas.

Em janeiro deste ano, o UOL Esporte já havia denunciado que os operários do Itaquerão recebiam dinheiro "por fora"  para trabalhar além das horas extras previstas em acordo da Odebrecht com o Ministério do Trabalho. 

Desde o início da construção, há uma preocupação de todos os envolvidos com a celeridade do processo. A menos de três meses para a Copa, o Itaquerão ainda não está pronto e é tido como a maior preocupação da Fifa para a competição.

"Isso [Copa] não muda nada. O que está em risco é a integridade dos trabalhadores. As leis têm de ser cumpridas. Os fiscais tomaram medidas independentemente da Copa do Mundo. Não podemos terminar a qualquer custo. Isso é o padrão Fifa, não o nosso", disse Medeiros.

A Odebrecht não se pronunciou oficialmente sobre o assunto por não ter sido comunicada oficialmente. Fontes da construtora, no entanto, defendem que ela está cumprindo a legislação trabalhista e o acordo feito após o acidente do ano passado, com duas horas extras a mais por dia para cada funcionário.

Na última segunda, a obra do Itaquerão foi interditada pela segunda vez, agora por conta de más condições de trabalho. A Fast Engenharia, responsável pelas arquibancadas provisórias que darão 20 mil lugares a mais ao estádio na abertura, está impedida de operar as alas Norte e Sul até que instale redes de proteção para os trabalhadores.

Sábado passado, o operário Fábio Hamilton da Cruz caiu de uma das armações e morreu. Em uma vistoria, a Superintendência decidiu paralisar a construção. Segundo Medeiros, as condições de trabalho no local eram "precárias". As demais obras do estádio, responsabilidade da Odebrecht, seguem seu curso normal apesar da interdição parcial. 

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos