Condições são "precárias", mas obra do Itaquerão deve voltar em poucos dias

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

Segundo o superintendente regional do trabalho e emprego do Estado de São Paulo, Luiz Antonio de Medeiros, as condições de trabalho na montagem das arquibancadas provisórias do Itaquerão eram "precárias". Foi essa a razão, segundo ele, pela qual a obra do estádio foi interditada nesta segunda-feira, dois dias depois da morte do operário Fábio Hamilton da Cruz.

"Não há proteção coletiva contra a queda. Os fiscais que estiveram lá me disseram que os trabalhadores sequer tinham onde colocar o pé direito. As condições são precárias, extremamente difíceis", disse ele, em entrevista ao UOL Esporte.

Medeiros representa o Ministério do Trabalho no Estado e comanda a equipe que esteve nesta segunda no Itaquerão. Conforme informou o Blog do Sakamoto, as obras das arquibancadas provisórias, nas alas Norte e Sul, foram suspensas por tempo indeterminado por falta de segurança. 

A Superintendência exige que a Fast Engenharia, responsável pelos 20 mil lugares que estão sendo construídas, instale redes de proteção para os trabalhadores. Segundo Medeiros, isso deve ser feito em poucos dias e não deve afetar o cronograma do estádio, que receberá a abertura da Copa do Mundo. 

"Isso é uma coisa simples, que eles rapidamente podem resolver", disse Medeiros. No fim de semana, testemunhas disseram, em depoimentos preliminares, que Fábio Hamilton não estava conectado aos cabos de segurança quando caiu. De acordo com o superintendente, isso não reduz a responsabilidade da Fast Engenharia. 

"Tinha de ter uma rede de proteção. Aquela coisa [cabo] não segura ninguém. A responsabilidade não é individual, é coletiva. O cara não pode morrer e ser o culpado também', disse Medeiros. 

A Fast Engenharia também se posicionou sobre a interdição por meio de uma nota oficial, mas não deu detalhes sobre como vai reagir em relação à interdição. "A diretoria da empresa realizará análise técnica das solicitações do DRT na manhã desta terça-feira, 1, e, em seguida, fará pronunciamento sobre o caso e suas consequências no cronograma da obra", disse a empresa. 

Andrés Sanchez, ex-presidente designado pelo Corinthians para tocar a obra, também falou sobre o caso no programa "Baita, Amigos", do Bandsports. "Realmente é padrão na construção civil. De repente vai ser parado por dois, cinco dias. Tem que ver tudo, fazer tudo para ver o mais rápido. Tem que ver com os fiscais e espero que nos próximos dias possamos resolver", disse ele, que não entrou em detalhes sobre o acidente. 

"Na vida cometemos erros e excessos. Já dirigi carro a 150 km/h. Eu não bebo, vocês já devem ter dirigido mamado. Infelizmente cometemos erros e acaba em fatalidade", disse o cartola. 

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