Delegado diz que negligência com segurança causou acidente no Itaquerão

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

A Polícia Civil informou que os primeiros indícios apontam negligência com equipamento de segurança como causa da queda que levou a morte de um operário que trabalhava na construção do Itaquerão, em São Paulo. O delegado Rafael Pavarina baseia as impressões em conversas com funcionários da obra que estavam junto com a vítima no momento do acidente.

Ele declarou que ouviu de operários que Fabio Hamilton da Cruz, 23 anos, tirou o equipamento de segurança e foi advertido pelos demais ao se desprender do cabo vida – um cabo de aço em que os trabalhadores que atuam em locais altos devem fixar mosquetões. De acordo com o delegado, a vítima respondeu que era somente para uma tarefa rápida.

"Não houve negligência de equipamento. Foi negligência da própria vítima".

O acidente aconteceu por volta das 10h30 e Fabio chegou a ser levado para o Hospital Santa Marcelina, com múltiplas fraturas, perfuração do pulmão e traumatismo craniano. A mãe dele esteve no local enquanto os médicos lutavam no centro cirúrgico para manter o operário vivo. Não tiveram êxito.

Além dos depoimentos, a resposta sobre o que levou a morte de Fabio virá com a realização da perícia. Os peritos do Instituto de Criminalística estiveram no Itaquerão no sábado a tarde, mas a falta de segurança e de luz natural impediu a finalização do trabalho. Ele recomeça neste domingo, às 14h. A Polícia Militar ficou encarregada de garantir a preservação do local.

O primeiro acidente com mortes no canteiro de obras Itaquerão, quando um guindaste caiu em 27 de novembro do ano passado, provocou a interdição de parte das obras. Na ocasião, dois funcionários morreram. As empresas encarregadas da obra não temem que o acidente deste sábado leve a novos atrasos no cronograma.

Os trabalhos são divididos pela Odebrecht, que vai entregar a estrutura a ser usada pelo Corinthians, e a Fast, responsável pela instalação de 21 mil lugares com arquibancadas temporárias a ser usadas apenas na Copa do Mundo.

A assessoria de imprensa da Odebrecht argumentou que a área onde seus funcionários trabalham não sofre influência do ponto em que ocorreu a queda de Fabio. Tanto que mesmo com o acidente ocorrido na arquibancada Sul não houve paralisação das obras durante a tarde.

A previsão é de a situação que vai se repetir na segunda-feira e o canteiro de obras funcione a pleno vapor. A assessoria de imprensa informou ainda que o acidente não altera o cronograma que continua prevendo a entrega para 15 de abril.

A Fast também minimizou o impacto que uma interdição possa ter no cronograma. A assessoria de imprensa da empresa ressaltou que se trata apenas de uma possibilidade e alegou que mesmo que ela se confirme terá pouca influência porque somente uma pequena área onde houve o acidente seria afetada.

A queda do operário foi na arquibancada Sul, localizada atrás do gol que fica no lado contrário da Radial Leste. Além de uma interrupção numa pequena parte deste setor, o que não impede o trabalho no restante do local, não haveria impacto na arquibancada Norte.

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