Itaquerão está resolvido? Andrés diz que sim. Os outros, que não

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

Andrés Sanchez
Andrés Sanchez

Andrés Sanchez usou sua participação no programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, na última quinta, para dizer que o Corinthians vai assumir os R$ 60 milhões das estruturas temporárias do estádio. O impasse, porém, ainda parece não ter sido totalmente resolvido. O poder público, a Fifa, o COL e a Odebrecht, que seria a responsável pelo investimento inicial, ainda não se manifestaram sobre o assunto.

A declaração do ex-presidente alvinegro, hoje responsável pelas obras do Itaquerão, foi contundente. "O Corinthians vai pagar. Eu estou definindo, o Corinthians vai pagar. Ele [Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa] sabe, eu falei para ele", disse Andrés Sanchez.

A assessoria do cartola explicou que a prioridade segue sendo a obtenção de um parceiro que banque as obras, mas que se nada der certo a Odebrecht fará o investimento inicial e o Corinthians pagará o valor posteriormente. O anúncio de Andrés não foi por acaso. Na última quarta, em reunião no Parque São Jorge, ele avisou toda a diretoria de sua decisão.

Só que a comunicação do Corinthians com a imprensa foi falha. Ao mesmo tempo em que Andrés dizia nos estúdios da ESPN Brasil que o clube arcaria com os custos, Mário Gobbi dava entrevistas no CT Joaquim Grava indicando o contrário.

"Não é o Corinthians que se beneficiará da benfeitoria. Cada um deve olhar para o seu umbigo e saber os deveres que têm para o país e o compromisso da abertura da Copa do Mundo", disse o presidente corintiano. Segundo o clube, porém, ele já sabia que o valor ficaria na conta alvinegra. Não ficou claro, porém, por que ele não tratou do assunto quando foi questionado.

Pior fizeram os demais envolvidos. Durante a última sexta-feira, nenhum dos interessados se manifestou a respeito da declaração de Andrés, que em tese colocaria uma pedra no assunto. A Odebrecht é a parte mais importante, já que o investimento inicial é dela.

Consultada, a construtora não confirmou que vai bancar os R$ 60 milhões para ser ressarcida pelo Corinthians depois. Mais que isso, ressaltou que não tem nenhuma responsabilidade sobre as estruturas temporárias da Copa do Mundo.

A reportagem também procurou a Fifa e o COL. As duas entidades não atenderam as solicitações de esclarecimento e não comentaram as declarações de Andrés. Há dois dias, Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, chegou a dizer que a solução para o impasse seria dada e anunciada na última sexta, o que não ocorreu.

Nos bastidores, a Fifa tratou a declaração com algum desdém. Anteriormente, Andrés já havia tratado o tema como definido em alguns momentos e negou que pagaria qualquer quantia em outros. As mudanças constantes despertam alguma desconfiança. 

Nem mesmo o poder público quebrou o silêncio. Durante a semana, as esferas municipal, estadual e federal de governo negaram veementemente que assumiriam os custos das estruturas provisórias. Depois do anúncio de Andrés, a Prefeitura e o Governo de São Paulo mantiveram o discurso. O Governo Federal ainda não se pronunciou. 

O contexto não assusta Andrés Sanchez. O cartola está seguro de que o impasse foi resolvido e espera que tudo se torne oficial em breve. Na visão dele, o silêncio das outras partes é natural, já que cada um dos interessados tem interesses próprios a defender. 

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

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