Parreira critica Ronaldinho: "não conduziu carreira com dedicação plena"

Do UOL, em São Paulo

Coordenador técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira concedeu uma entrevista para o jornal Zero Hora - publicada neste sábado - onde contestou o empenho do craque Ronaldinho Gaúcho em campo, alfinetou técnico Mano Menezes, que antecedeu Luiz Felipe Scolari no comando do Brasil, e criticou o legado da Copa do Mundo.

Com relação ao camisa 10 do Atlético-MG, Parreira - que levou o jogador para o Mundial de 2006 - disse que o jogador é "um dos maiores jogadores que vi atuar na vida", mas que nas últimas oportunidades que teve com a amarelinha ele não demonstrou o mesmo empenho que em anos anteriores.

"Não é que ele tenha perdido o foco, mas de certo modo ele não conduziu a carreira esportiva dele da maneira que você exige para a Seleção, com dedicação plena e total", lamentou.

"Acho que para a Seleção Brasileira, para uma Copa do Mundo, talvez precise um pouquinho mais do interior, da vontade, da disposição. Não é que ele tenha perdido isso, mas quando teve oportunidade a gente não viu, não pode constatar que essa chama estava viva lá", completou o coordenador, que, apesar de tudo, não fechou as portas para o pentacampeão. "Ele teve as oportunidades, agora cabe a comissão técnica decidir se tem o interesse ou não em trazer."

Parreira ressaltou a experiência, a "credibilidade" e a "transparência" de Felipão para pontuar os motivos da evolução meteórica de seleção com relação ao trabalho que vinha sendo desenvolvido pelo técnico Mano Menezes, atualmente no Corinthians.

"A comissão técnica anterior era boa, sem dúvida, mas ainda era muito inexperiente em termos de futebol internacional. Os atletas sabem que tem gente experiente, capaz de tomar as melhores decisões, e sobretudo gente transparente e que não vai se deixar envolver com nada que não interesse à seleção", avaliou.

"A gente não critica, mas se houve alguma falha é que não se via aquela volúpia da comissão técnica anterior em ganhar o título em casa. Conversei com o Scolari quando ele chegou aqui e disse: temos que vender essa ideia desde o início, em casa temos que ser campeões do mundo e acabou. A resposta dos atletas foi ótima", lembrou.

Técnico do Brasil em 1994 e 2006, além de ter participado de outras cinco Copas, o contratado da CBF se mostrou bastante cético com a organização do Mundial. Elogiou os estádios que foram construídos, mas contestou se teremos "um legado real para o cidadão brasileiro" de fato.

"Infelizmente, metade das obras não vai sair. Desperdiçamos uma oportunidade maravilhosa de aproveitar esse momento para melhorar a nossa qualidade de vida e mostrar ao mundo que nós somos capazes", criticou.

Parreira ainda se mostrou tranquilo com relação a polêmica que envolve a transação de Neymar com o Barcelona - "ele só joga futebol, a parte financeira quem toma conta é pai" - e ainda viu com bons olhos o fato do camisa 11 do time catalão ficar no banco de reservas em algumas partidas, assim como vem ocorrendo com David Luiz no Chelsea.

"Estão sendo poupados para a gente. É um desgaste muito grande ter que jogar todas até a final da Liga dos Campões. Não vou torcer contra, mas se uma equipe que tenha jogador brasileiro for desclassificada, não vou ficar triste não", torceu o tetracampeão.
 

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