Estilo de rivais na 1ª fase ajuda ou complica seleção? Felipão responde
Do UOL, em São Paulo
O técnico Luiz Felipe Scolari concedeu uma entrevista para a revista The Fifa Weekly, da entidade que comanda o futebol mundial, e concordou que o estilo de jogo dos três rivais da seleção na primeira fase da Copa do Mundo – Croácia, Camarões e México – privilegia um futebol mais técnico, menos focado em anular o adversário.
Segundo o treinador, isso pode ser uma vantagem para o Brasil na primeira fase. "É assim que preferimos jogar também. É sempre interessante enfrentar outros times que joguem bom futebol. O Brasil às vezes joga mal quando encara equipes que jogam diferente, que praticam o antifutebol e se concentram em anular o jogo do adversário", analisou.
"É melhor enfrentar equipes que jogam tão bem ou melhor que o Brasil, porque nos dá a chance de superá-las. Podemos encarar uma partida contra o Espanha com nosso vigor habitual e sem enfrentar estresse desnecessário ou barreiras psicológicas", concluiu Felipão.
O técnico também fez análises específicas de cada adversário. "A Croácia pratica um bom futebol, tecnicamente sofisticado, com um estilo de jogo semelhante a equipes sul-americanas. Camarões é muito técnico. Às vezes, esperamos alguma coisa deles, que surgem com algo totalmente diferente; em outras, não esperamos muita coisa, e eles nos surpreendem."
Com relação ao México, Felipão mostrou mais cautela. "É um de nossos adversários tradicionais e jogam um futebol de alta qualidade. Existe uma longa história de confrontos entre Brasil e México, e eles são sempre complicados", disse o treinador, sobre a equipe que já superou a seleção brasileira em alguns torneios, como na final da Olimpíada de Londres-2012, no encontro entre as duas seleções sub-23.
Sucesso do estilo de jogo espanhol tem prazo, diz Felipão
Questionado sobre uma possível adaptação de outras seleções e equipes para conter o vencedor estilo de jogo da Espanha e do Barcelona, Felipão indicou que a análise frequente das características desses times ajuda a encontrar maneiras de superá-los.
"Acredito que, progressivamente, as habilidades dos jogadores do Barcelona acabaram se complementando. Naturalmente, todos estão analisando como e por que isso aconteceu, mas esse tipo de futebol tem capacidade de sucesso apenas por um tempo limitado", apontou o técnico.
"Nas últimas décadas, houve momentos em que todos analisavam o estilo de jogo italiano, ou o alemão. Sempre há características diferentes a serem observadas pelos treinadores, que podem aprender e se beneficiar a partir delas", finalizou.
Derrota em casa pode ser mais dolorida, admite técnico
O treinador recordou seu trabalho na seleção de Portugal, vice-campeã em casa na Eurocopa de 2004, e disse que essa experiência pode ser uma vantagem no Mundial de 2014. Para Felipão, o Brasil tem a vantagem de contar com sua torcida, ao mesmo tempo em que uma derrota em casa será mais sofrida.
"Hoje, tenho uma ideia melhor de como uma equipe deve se organizar para enfrentar uma decisão em casa e conseguir levantar o troféu. Sei que podemos aproveitar a experiência de jogar diante de nosso público, mas precisamos estar atentos para o fato de que será mais dolorido se perdemos", declarou.
Em outra resposta, quando questionado se o público local não aceitaria outro resultado que não a vitória, Felipão disse que o desempenho da seleção em campo pode ser mais importante, para a torcida, do que o resultado final.
"Vejo de uma perspectiva completamente diferente. Tenho muita experiência, e já vi equipe aplaudida por seus torcedores mesmo sem terminar campeã, vice ou na terceira posição. É muito mais uma questão de performance", apontou o treinador.
"Todos esperam que a seleção brasileira levante o troféu em uma Copa no Brasil. Estamos trabalhando por esse objetivo, mas respeitando de forma saudável as outras equipes, que vão para a competição com esse mesmo propósito. Vamos usar nossa qualidade para atingir essa meta, e se não conseguirmos, será porque a outra equipe jogou melhor que a gente."
Seleção do penta x seleção de 2014
Segundo Felipão, a atual seleção brasileira tem características diferentes daquela que foi pentacampeã sob seu comando, em 2002, e que tinha jogadores consagrados como Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos, Cafu e Ronaldinho Gaúcho.
"Não é só o talento que você precisa comparar; a seleção de 2002 era mais experiente. Em compensação, a equipe atual tem mais entusiasmo e incentivo. Naquela época, provavelmente a experiência da equipe foi um fator decisivo, mas quem sabe o entusiasmo e o incentivo não sejam mais importantes dessa vez?", questionou o treinador.