Você pagaria R$ 82,5 milhões para ter Equador x Honduras? O governo, sim

José Ricardo Leite e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Florianópolis

Custo de R$ 330 milhões, com empréstimos de última hora do governo e 78% de aumento em relação ao orçamento original. Todo o árduo esforço feito por Curitiba para permanecer como sede da Copa do Mundo tem como objetivo receber quatro jogos da primeira fase do torneio. E que nem serão dos mais atrativos.

A operação de resgate dará ao Atlético-PR um estádio novo, dentro dos padrões estipulados pela Fifa. Mas, fora a campeã mundial Espanha, apenas times de segunda linha desfilarão na Arena da Baixada. Dividindo-se o custo total do estádio - que saltou de R$ 185 milhões para R$ 330 milhões -, pelo número de jogos, cada partida da Copa disputada no Paraná custará R$ 82,5 milhões.

E a Espanha, apesar de passar por lá, terá como adversária a Austrália, apenas a 53ª colocada do ranking da Fifa. Além desse duelo, ocorrerão no estádio do Atlético-PR os jogos Irã x Nigéria, Equador x Honduras e Argélia x Rússia. 

Apesar do número parecer ser incrivelmente alto, Curitiba tem o segundo valor mais barato por jogo do Mundial. Só perde para Porto Alegre, com R$ 66 milhões por cada uma das cinco partidas que receberá o estádio Beira-Rio. A capital gaúcha, no entanto, terá um jogo de oitavas de final.

O estádio do Atlético foi reconstruído graças a facilidades dadas pelo governo federal, com créditos acessíveis, e pelo estado do Paraná, que salvou a operação. Enquanto o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não libera o último empréstimo, de R$ 65 milhões, o governo do Estado vai garantindo o caixa da obra.

Para isso, entrou em cena a Fomento Paraná, uma espécie de BNDES estadual, que se comprometeu a repassar dinheiro para a primeira semana de março a fim de satisfazer a exigência da Fifa sobre o financiamento da obra.

Um dos motivos que levou a Fifa a ameaçar a cidade com a possível eliminação da Copa foi justamente a falta de garantias financeiras do Atlético-PR. O clube paranaense havia informado que só teria condições de dar continuidade às obras até o carnaval. 

"A Fomento garante [enquanto não sai o dinheiro do BNDES]. Se demorar [para sair], ela repassa [com recursos próprios]", explicou Reginaldo Cordeiro, secretário municipal extraordinário da Copa para Curitiba. A operação é conhecida como empréstimo-ponte. Quando o BNDES liberar o dinheiro, ele cobre o empréstimo feito pela Fomento.

Mas há um efeito colateral para o Atlético-PR. O financiamento será concedido mediante a apresentação de garantias de que o clube tem como pagar. Como já solicitou outros empréstimo para cobrir o aumento da conta da reforma, o clube já penhorou, entre outras coisas, o CT do Caju e o dinheiro dos direitos de transmissão pagos pela TV Globo até 2018. 

Para financiar os R$ 65 milhões, o clube pode oferecer como garantia ao BNDES o valor que pretende arrecadar com a venda do nome da arena, o "naming rights", ou o próprio estádio. Se não conseguir pagar os empréstimos no prazo, que variam de 20 a 30 anos, os bancos podem executar a dívida e cobrar as garantias. 

O orçamento inicial de R$ 185 milhões foi um erro de estimativa, segundo o próprio presidente do clube, Mario Celso Petraglia. "Seria deselegante dizer quanto aumentou. Mas não dá para comparar... No início, entendemos que não precisávamos de financiamento público. Mas as coisas mudaram muito. Por isso, tivemos que dividir os novos valores em três", afirmou Petraglia. 

Fora os R$ 330 milhões pelo estádio, o poder público ainda vai bancar R$ 40 milhões de estruturas provisórias, como geradores, equipamentos de segurança e área para imprensa. A dívida deve ser assumida pela Prefeitura de Curitiba.

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  • Reprodução/UOL

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