Guga critica legado da Copa no Brasil e diz que sensação é de frustração
Renan Rodrigues
Do UOL, no Rio de Janeiro
O ex-tenista Gustavo Kuerten esteve no Aberto do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, mas não se limitou a falar sobre o esporte que o tornou melhor do mundo em 2000. Ao ser questionado sobre a expectativa para a Copa do Mundo no Brasil, o catarinense admitiu frustração com o legado do evento e não poupou críticas a Fifa e ao governo.
"Vergonha o Brasil não passa, mas o que acho que pode acontecer é vir à tona a realidade dos acontecimentos. A Copa tem dois meses de duração, potencial de contagiar, mas vai terminar. Não consigo enxergar grandes benefícios. Para nós que vai ser ruim, aquela promessa de mudança, benefícios e não funciona assim, é frustrante", disse o ex-tenista brasileiro.
Guga citou como exemplo a presença da Força Nacional durante Congresso da Fifa em Florianópolis, onde ele reside. O brasileiro ficou irritado com a diferença de tratamento prestada aos executivos da entidade em comparação ao dia a dia dos moradores. O pedido de reforço foi feito pelo governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).
"Lá em Florianópolis, durante o congresso da Fifa, os executivos não podem nem pegar trânsito. E o povo pega trânsito todo dia, poxa. A sensação é bem frustrante com a Copa. Vai ser incrível e fantástico pelo país, mas vejo que, infelizmente, não se comprova ser agradável. Não sei se Fifa já viveu situação tão constrangedora como está vivendo aqui no Brasil. O governo, na maioria das oportunidades, não cumpre compromissos com a população, mas com a Fifa, faz um esforço sobre-humano para atender tudo que eles querem", disse Guga.
Olimpíada
Se adotou um tom forte contra a falta de legados da Copa, Guga foi um pouco menos crítico com a Olimpíada no Rio, em 2016. Ele acredita que a competição tem mais chances de promover mudanças na estrutura da sede. Mas também lembrou que muitas obras ainda não foram concluídas restando dois anos para o evento.
"Acho que a Olimpíada tem um papel mais transformador, principalmente, a chance de legado é maior para a cidade. Mas vai depender da eficácia do poder público. Mas ai vem o grande questionamento. Passou tanto tempo já, deixamos de aproveitar muitas coisas. Acho que vai deixar uma realidade mais favorável, mas é complicado essa distância do tratamento do povo para as instituições", declarou Guga.
Um dos argumentos utilizados pela Fifa para se defender das acusações de que a entidade fica com todo legado positivo da Copa é de que Brasil quis sediar a competição. Para Guga, porém, essa afirmação é simplista e retrata falta de 'fair play' das entidades que organizam os eventos esportivos.
"Acho que é uma parceria, eles dizem que Brasil escolheu sediar, mas eles também quiseram realizar os eventos aqui, né? Eles pegam o lado bom do Brasil e também as dificuldades. Espremer para eles saírem com tudo e nós com nada não é fair play, tem que ser colocado na mesa isso, discutir melhor".
O brasileiro acompanhará as partidas até domingo, quando será responsável por entregar o troféu ao campeão do ATP 500 na cidade. Além do Instituto Gustavo Kuerten, o catarinense tem dedicado seu tempo a realização de sua biografia.
"O Brasil vai passar vergonha", diz Rivaldo sobre a Copa do Mundo
"Temos que confiar desconfiando", diz Aldo Rebelo sobre obras em Curitiba
Após Curitiba, Fifa encara nova série de perrengues no Brasil
Guga faz biografia para ver se entende de uma vez carreira 'sem sentido' 




