Novo Beira-Rio abre mão de tradição no gol e muda costume da torcida

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

  • Jefferson Bernardes/ Agência Preview

As mudanças no Beira-Rio deixaram arquibancadas mais próximas do gramado, trouxeram uma cobertura completa e moderna. Mas também alteraram um detalhe que era praticamente marca registrada do estádio: a rede caída nos gols, que deu lugar ao modelo exigido pela Fifa.

Além disto, com cadeiras em todos os setores, o costume de assistir o jogo todo em pé parece com os dias contados. Prova capital: ainda no primeiro tempo, dois torcedores foram retirados do estádio após se recusarem a sentar e iniciarem um bate-boca com quem estava sentado.

Ainda em obras, e com entrega prevista para o próximo dia 28, o estádio tem áreas internas em fase de acabamento. E grandes avanços para ocorrer no entorno. Na cobertura metálica restam ajustes entre as membranas opacas e translúcidas, que irão vedar os torcedores da chuva.

O UOL Esporte lista os pontos que deram certo e os que ainda deixaram a desejar na reabertura do estádio, neste sábado. Itens como gramado, iluminação e acesso deram boa resposta. Já os aspectos ligados à imprensa e organização na área externa foram confusos no primeiro evento-teste, que recebeu 10.250 torcedores.

REDE ESTICADA: BEIRA-RIO ABANDONA UMA DE SUAS MARCAS

  • Jeremias Wernek/UOL

Desde sua inauguração, em 1969, até o título do Gauchão de 2012 – com raras exceções, todos os gols do Beira-Rio traziam um detalhe em comum. A rede caída atrás da meta. Nos últimos anos de vida do antigo estádio, o material chegou a ter o símbolo do clube pintado ali.

Mas no evento-teste desde sábado, o Beira-Rio apresentou redes esticadas. Formando uma caixa atrás da baliza. Conforme manda a Fifa em suas competições oficiais.

TODOS SENTADOS: TORCEDOR BATE-BOCA E É RETIRADO DO ESTÁDIO

  • Jeremias Wernek/UOL

Boa parte do impacto visual do Beira-Rio em seu interior brota das cadeiras. Todas vermelhas, elas deixam o estádio de quase 45 anos moderno. Com corredores acessíveis, induzem o público ao procedimento padrão na Europa e em competições pelo mundo afora. Assistir ao jogo sentado.

O problema é que na casa do Inter, antes da reforma, a torcida gostava de ficar em pé. Sempre. No jogo-teste contra o Caxias, quem tentou repetir o costume não se deu bem. Dois torcedores discutiram com o restante do público, que pedia para não ter obstáculos pela frente durante o primeiro tempo.

Um bate-boca intenso começou, na arquibancada inferior, e os seguranças do clube foram acionados. Os adeptos do apoio ereto foram retirados e o grande público, sentado, acompanhou a goleada. A única região do estádio que teve público em pé foi atrás do gol da direita. Onde se concentraram as torcidas organizadas Camisa 12 e Popular do Inter.

O Beira-Rio deve receber seu segundo evento-teste organizado pelo Inter em 27 de fevereiro. Nesta data, o Colorado enfrenta o Brasil de Pelotas. E a ideia da diretoria é realizar o jogo com aumento no público presente. Cerca de 20 mil pessoas.

REABERTURA DO BEIRA-RIO: O QUE DEU CERTO E O QUE DEU ERRADO

DEU CERTO DEU ERRADO
Acesso da torcida: mesmo precisando apresentar um voucher e mais a carteira de sócio para entrar, o público não teve problemas para atravessar os três portões abertos no evento-teste. Imprensa: as cabines de transmissão ficaram sem energia elétrica até pouco depois das 16h30, em virtude de um problema com um cabo. A bancada logo abaixo das cabines só foi energizada graças a extensões improvisadas pelos jornalistas.
Gramado: plantado há quase um ano, o novo campo não deu sinais de problema com divididas e lances do jogo entre Inter e Caxias. Ele já havia recebido um jogo-treino e um trabalho coletivo. Internet: sem rede wifi disponibilizada pelo estádio, o acesso à internet foi precário. Velho problema de telecomunicação, tornou praticamente impossível também o uso de celulares.
Iluminação: o novo sistema de iluminação foi acionado ainda no final do primeiro tempo. Não teve queda alguma e eliminou as sombras no gramado. Som: com três caixas em cada ponto, o sistema de som começou a funcionar sendo abafado pelos gritos da torcida. Aos poucos, elevou o volume e tornou mais compreensível as mensagens.
Acústica: reflexo do ponto mais inovador da reforma, a cobertura metálica, o som produzido pela torcida reverberou no estádio. Ao contrário de antes, quando se dissipava. Organização externa: solícitos, os orientadores do estádio tiveram problemas para indicar regiões de acesso em alguns pontos. E também penaram para organizar a fila de entrada do público.

 

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