Após quarta morte em arena de Manaus, sindicato promete paralisação geral

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

Os operários que trabalham na Arena da Amazônia prometem fazer uma paralisação por tempo indeterminado na segunda-feira, 10. O objetivo do movimento é cobrar melhores condições de trabalho e prestar uma homenagem ao técnico de guindaste português Antonio José Pita Martins, 55, que morreu após ser atingido por uma peça de guindaste nesta sexta-feira, 7.

"Já estamos articulando com os trabalhadores. Vamos chegar de madrugada na obra e não deixar ninguém entrar. A cobra vai fumar na frente da arena", afirmou o presidente Sintracomec-AM (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil no Amazonas), Cícero Custódio.

O sindicalista reclama que, mesmo após os acidentes ocorridos em dezembro, alguns operários estão fazendo horas extras em excesso. Ainda de acordo com Custódia, há situações em que trabalhadores fazem serviços em estruturas suspensas sem o uso de equipamentos de segurança, como cinto, por exemplo.

"Parece que o governo e as empresas não têm respeito pelos trabalhadores. Eles só estão preocupados em entregar a obra no prazo. Já são quatro mortos", afirmou Custódio. "Só vamos parar a greve quando alguém vier conversar conosco, seja o governador ou um responsável pelo estádio."

O Sintracomec pretende pedir uma reunião com o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, para tentar costurar um acordo semelhante ao feito em São Paulo. Um mês após o acidente que causou a morte de dois operários na Arena Corinthians, Dias viajou para São Paulo e assinou um contrato que impede os funcionários da Odebrecht de fazerem mais do que duas horas extras por dia.

O MPT (Ministério Público do Trabalho) e a Superintendência do Ministério do Trabalho do Amazonas informaram que estão acompanhando o assunto e aguardam o resultado da perícia no local do acidente para avaliarem se vão tomar alguma medida.

Um dos diretores do Sintracomec, Francisco Sarmento, reclamou que não foi autorizado a entrar na obra sexta-feira, após ser comunicado do acidente. "Os seguranças me tiraram para fora no empurrão. Não pude nem ver o que tinha acontecido."

O acidente que causou a morte de Antonio José Pita Martins aconteceu por volta das 8h desta sexta-feira (10h no horário de Brasília). Segundo testemunhas, ele estava trabalhando no terreno do Sambódromo de Manaus, ao lado da nova arena, quando uma peça de metal caiu sobre sua cabeça. 

O trabalhador foi levado ao Hospital João Lúcio, em Manaus, onde passou por cirurgia. Martins teve traumatismo cranioencefálico grave e múltiplas lesões no tórax. Ele morreu de parada cardiorrespiratória enquanto era submetido a uma cirurgia no crânio.

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