Agora é assim: torcedor da Copa aluga quarto e ganha van e bife

Isabela Noronha

Do UOL, em São Paulo

Não é novidade que os preços dos imóveis particulares disponíveis para aluguel durante a Copa do Mundo estão bem acima do cobrado normalmente. Um sobrado de 4 quartos a 15 minutos a pé da Arena Corinthians, em São Paulo, por exemplo, sai a R$ 120 mil por mês.

Ao mesmo tempo, nos principais sites imobiliários, cresce o número de anúncios de aluguel para a época dos jogos. "Só de imóveis para temporada, a média de anúncios no último trimestre do ano passado foi 315% maior que a média de janeiro a setembro do mesmo ano", diz Caio Ribeiro, gerente sênior dos classificados do Mercado livre."Vemos duas razões para isso: o verão e a Copa", completa. "Já houve um aumento e esperamos que a oferta de imóveis para o Mundial ainda cresça 15%", diz Ana Julia Ghirello, vice-presidente e diretora de Produto do site Bom Negócio.

Na esperança de se diferenciar dos concorrentes e, em alguns casos, faturar um dinheiro a mais, muitos proprietários estão anunciando serviços adicionais junto com seus imóveis.

O representante comercial Antônio Gonçalves, 50 anos, pretende alugar um quarto de casal em sua casa em Campinas, no interior de São Paulo.

Entre os serviços que oferecerá aos hóspedes, está um churrasco, feito por ele mesmo. "Eles não estão acostumados com o nosso jeito de preparar a carne. Mas devem ouvir falar disso e ficar curiosos", diz. Como a seleção de Portugal ficará em Campinas, ele espera conseguir a atenção principalmente de turistas desse país.

Além do churrasco, Antônio planeja levar os visitantes a atrações da região, como o circuito das águas e a maria-fumaça, e oferecerá também transporte até o estádio em São Paulo.

O preço da diária do quarto na casa dele é R$ 500. O representante comercial ainda não sabe quanto cobrará pelos serviços extras, mas garante que não quer lucro, só pagar os custos. "Minha intenção é ter uma interação com os hóspedes. E me destacar dos outros anúncios", diz.

Em Recife, a família da professora de matemática Rita de Cássia Santos, de 31 anos,também caprichou no pacote de ofertas – se o hóspede quiser, terá motorista (o pai ou o irmão dela) e lavadeira e passadeira (Rita e a mãe).

Mas o grande chamariz é o café da manhã regional. "Vamos colocar na mesa comidas típicas, como tapioca, bolo de rolo e cuscuz. Tudo feito pela minha mãe e uma amiga", conta a professora.

A família vai deixar à disposição dos hóspedes todo o andar de baixo da casa onde mora. Na internet, anunciaram o imóvel como "pousada". "É um espaço grande. E além disso, tem o aconchego familiar. Vamos dar atenção total ao hospede", explica Rita.

São três quartos, sendo uma suíte, sala de jantar, cozinha, garagem e área de serviço. A diária para oito pessoas custa R$ 1600. O valor inclui o café da manhã e uma arrumadeira, papel que também caberá a Rita e a mãe dela. Para os outros serviços, o preço será negociado.

A família já sabe onde vai aplicar o dinheiro: "temos uma casa na praia que queremos reformar", conta a professora.

Em São Paulo, um grupo de amigos e familiares do técnico em informática avançada Thiago Yuri, 17 anos, quer alugar quatro imóveis – o mais próximo a 1,5 km da Arena Corinthians e o mais longe, a 9,5 km do estádio. O preço para 32 dias varia entre R$ 80 mil e R$ 95 mil e inclui vários serviços adicionais.

"Nosso diferencial é traslado, tradutor e camareira", diz Thiago. Como na pousada de Rita, todas as funções serão feitas por pessoas próximas. "Serão dois motoristas. Um é meu pai e o outro, meu tio. A camareira é uma amiga, que trabalha para a gente há muito tempo", conta. "Os tradutores são uma amiga que já foi professora de inglês e um amigo dela."

A família, que vai dividir o lucro conforme a participação de cada um, fez questão de formalizar o acordo. "Fizemos um contrato entre nós", conta Thiago.  

Alguns anúncios incluem transporte até o estádio ou para o aeroporto – geralmente no carro particular do dono do imóvel ou no de um amigo dele. Mas poucos ou nenhum como o do engenheiro mecânico carioca Elias Novaes, 47 anos. Ele oferecerá aos hóspedes de seu apartamento a possibilidade de contratar uma van adaptada e licenciada para portadores de necessidades especiais.

"Temos um parente cadeirante e vemos a dificuldade de locomoção para essas pessoas. Nos ônibus aqui no Rio, os elevadores estão quebrados", diz. "E também é uma forma de oferecer um diferencial", completa o engenheiro. O preço ainda não está fechado, mas Elias acredita que deverá pedir R$ 350 por de quatro a cinco horas do serviço por dia.

Além da van, o anúncio do engenheiro destaca a proximidade do Maracanã (4,2 km), a área de lazer completa do edifício e a idade do imóvel, que é novo – a família se mudou para lá há apenas sete meses. Por 20 dias no apartamento de três quartos em Rio Comprido, ele pede R$ 50 mil. 

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