Alpinistas entram em greve por melhores condições de trabalho no Beira-Rio

Carmelito Bifano

Do UOL, em Porto Alegre

O grupo de 12 alpinistas brasileiros contratados pela Sepa [Soluções de Engenharia e Projetos das Américas] para instalar a membrana da cobertura do estádio Beira-Rio paralisaram as atividades como forma de protesto por melhores condições de trabalho e pelo atraso no pagamento do salário. As exigências para retomar ao trabalho e ajudar os 51 estrangeiros a entregar a obra dentro do prazo estabelecido são: equipamentos de seguranças, retirada do local onde estão hospedados, passagem para visitar os familiares no Rio de Janeiro, o pagamento do salário atrasado e dos dois meses de contrato restantes de forma antecipada.

"Na assinatura de contrato, falaram que íamos ficar em um alojamento tranquilo. Mas na sexta, no sábado, no domingo e segunda tem uma escola de samba perto que toca música a noite toda. Nosso serviço é perigoso, na altura, e sem descansar o corpo e a cabeça, não tem condições. Se eles nos colocarem em um hotel ou alojamento afastado, onde a gente possa relaxar, e ir no Natal visitar a nossa família, já que vai ter um recesso no canteiro de obras, a gente retornaria. Estamos sem contato da empresa. Perdemos a confiança nela. Os gringos estão pedindo os salários adiantados, senão, irão parar na segunda-feira. Queremos o mesmo", afirmou o alpinista Telmo Felipe Neto.

Segundo o profissional, além do desconforto pela música da escola de samba, os brasileiros tiveram que pegar emprestado o equipamento de seguranças dos estrangeiros para poder trabalhar. Outro problema apontado por Telmo Neto é as condições do alojamento. Nesta sexta-feira, a construtora Andrade Gutierrez fez uma limpeza no único banheiro do local que atende mais de 100 pessoas.

Os 49 alpinistas ucranianos e os cinco alemães retornaram ao trabalho nesta sexta-feira após receber o pagamento do salário. Porém, ameaçam paralisar a instalação na segunda-feira se a exigência de receber antecipadamente os dois meses de contratos restantes não for cumprida.

"Para confiar na empresa, só com o pagamento adiantado. Atrasaram o pagamento e minhas contas estão todas vencidas e a família passando um aperto. Se não pagarem adiantado, não vamos trabalhar. [...] O contrato é de 90 dias e deixaram atrasar um mês. Como os gringos pediram adiantado, queremos a mesma garantia. Queremos os dois meses adiantados para acabar a cobertura", declarou o alpinista brasileiro.

A reportagem do UOL procurou a Sepa e os representantes da empresa se negaram a comentar as reivindicações dos profissionais. Porém, garantiram que estão buscando a solução para os problemas o mais rápido possível. A Andrade Gutierrez, que contratou a empresa de São Paulo para a execução da obra, garante que está empenhada em resolver o contratempo e que ele não irá atrapalhar o cronograma das obras.

O estádio Beira-Rio receberá cinco jogos na Copa do Mundo de 2014. Na primeira fase, no dia 15 de junho, França e Honduras, pelo grupo E, às 16h. Três dias depois, Holanda e Austrália, pelo B, às 13h. Dia 22, pelo H, Coréia e Argélia se enfrentam no mesmo horário. Três dias depois, também às 13, pelo F, Argentina e Nigéria disputam o último jogo em Porto Alegre da fase classificatória. O quinto será uma partida das oitavas de final entre o 1º do grupo G e o segundo do H. A expectativa é que as obras sejam concluídas até o final do mês, porém, devem se estender por até dois meses.

Obras no Beira-Rio
Obras no Beira-Rio

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