Escolha da Argentina confirma BH como alvo de grandes seleções no Mundial

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

A 231 dias do início da Copa do Mundo, as seleções se movimentam para fazer o trabalho de logística para o torneio e um dos pontos fundamentais é escolher o local de hospedagem e treinamento antes e durante o Mundial. A Região Metropolitana da capital mineira tem atraído atenção de diversos países, já recebeu a visita de 19 delegações estrangeiras e a Cidade do Galo, em Vespasiano, foi confirmada como sede da Argentina.

De acordo com o titular da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo em Minas Gerais (Secopa-MG), Tiago Lacerda, um conjunto de fatores torna atraente Belo Horizonte e cidades da Região Metropolitana, o que inclui como um dos pontos de destaque a estrutura oferecida pelos dois principais clubes da capital.

Tão importante quanto a infraestrutura para treinamentos, segundo o secretário, é a localização geográfica da capital como diferencial. "Em Minas Gerais temos vários pontos positivos. Em primeiro lugar a estrutura dos centros de treinamentos. Tem também a questão da logística, por ter 12 sedes, os deslocamentos são maiores e por Minas Gerais estar em um local central em relação a elas, isso é positivo", observou. "Se tiver um jogo no Nordeste, no Sul, a distância não fica tão grande e se for até no próprio Sudeste estamos próximos de Rio e São Paulo", acrescentou.

Por isso, Belo Horizonte tem sido alvo de algumas das principais seleções com vagas já garantidas, como a atual campeã do mundo Espanha e a tetracampeã mundial Itália. Os argentinos, que são bicampeões mundiais e possuem Lionel Messi, o melhor jogador do planeta, já assinaram contrato com o Atlético-MG para utilizar as dependências da Cidade do Galo, a partir de 20 dias antes do início da Copa do Mundo. Esse acerto foi oficializado na quarta-feira pelas duas partes.

A impressionante estrutura oferecida, com 250 mil metros quadrados, os quatro campos e o hotel com 20 suítes são os principais atrativos do CT atleticano, que já abrigou a seleção brasileira em 2008. Há ainda a proximidade com o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na mesma região, e a tranquilidade do local, que permite o isolamento buscado por muitas delegações.

Além da Cidade do Galo, a Toca da Raposa II também tem recebido constantes visitas de comitivas estrangeiras. Na manhã da última quarta-feira, por exemplo, os chilenos foram ao local. Os sul-americanos conhecem bem as dependências do CT cruzeirense, pois já estiveram hospedados ali este ano, no amistoso entre Brasil e Chile realizado no Mineirão, em abril.

"Cerca de 20 países já foram à Toca da Raposa. Estados Unidos, Itália, Costa, Rica, Austrália, Espanha, e muitos outros", disse o diretor de comunicação Guilherme Mendes. O jornal espanhol AS, publicou no último final de semana, que a Espanha se interessa muito em se hospedar na Toca da Raposa II.

  • Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

    Cidade do Galo, em Vespasiano, receberá a seleção argentina em sua preparação para a Copa

Com uma área de 83 mil metros quadrados, o CT cruzeirense disponibiliza quatro campos de treinamento, hotel com 26 apartamentos, restaurante, quadra poliesportiva, salão de jogos, além de modernos departamentos de nutrição e médico, com salas de ortopedia, odontologia, fisioterapia, fisiologia e de radiografia. Também pesa a favor da Toca da Raposa a boa localização. 

"As instalações da Toca da Raposa II estão entre as mais modernas e a proximidade do Mineirão é espetacular. Também estamos próximos do aeroporto da Pampulha, que pode ser utilizado durante a Copa do Mundo em voos fretados pelas seleções", afirmou Guilherme Mendes.

Além da Toca II, o Cruzeiro também colocou à disposição como centro de treinamento para a Copa do Mundo a Toca da Raposa I, antigo CT dos profissionais do clube, que já sediou a preparação da seleção brasileira para as Copas de 1982 e 86 e que atualmente é exclusivo para as categorias de base. Esse CT tem a seu favor a maior proximidade em relação ao Mineirão, palco dos jogos que serão disputados em Belo Horizonte, aproximadamente três quilômetros.

  • Dionízio Oliveira/UOL

    Toca da Raposa II, de propriedade do Cruzeiro, foi visitada por delegações de cerca de 20 países

Além dos clubes, o principal interessado em receber essas tradicionais seleções é o governo mineiro, que, por meio da Secopa-MG recebe as delegações internacionais e as apresenta à cidade e a outros municípios do estado, incluindo alguns da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

"A gente faz toda a logística, marca as visitas nos centros de treinamentos, não só em Belo Horizonte como no interior, em Sete Lagoas, por exemplo. É importante que nesses encontros a gente aproveita para falar dos pontos positivos, o clima, os pontos estratégicos, a segurança, todos falam disso", afirmou Tiago Lacerda.

Segundo ele, além da estrutura de treinamento e do aspecto geográfico, Belo Horizonte oferece outros atrativos como a tranquilidade maior do que Rio e São Paulo.  Outro ponto positivo no ponto de vista do secretário é o clima da capital mineira, ameno e com temperatura mais estáveis, ao contrário de locais como o Nordeste que serão muito quente ou o Sul que tem frio extremo nos meses de junho em julho de 2014.

"O clima também é importante para a participação dos atletas. No caso da Copa do Mundo teremos cidades no Sul do país que o frio não é problema para seleções europeias, que já estão habituadas, o problema é estar treinando no frio e depois jogar no Nordeste. Então eles querem evitar esses extremos", comentou Tiago Lacerda.

O secretário também destacou a segurança e a parte cultural como outros diferenciais. "Eles se sentem muitos seguros aqui e a parte cultural de Minas Gerais também atrai, porque os jogadores muitas vezes não vêm sozinho e trazem as família", observou.

Além dos pontos turísticos da capital, como o Mercado Central e a Lagoa da Pampulha, as cidades históricas, parada obrigatório nos roteiros turísticos, como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, São João Del Rei, Congonhas e Diamantina, entre outras, também são trabalhadas como atrações.

Municípios de grande porte, localizados no interior mineiro, como Uberlândia e Juiz de Fora estão no caderno da Fifa e possuem instalações à disposição das seleções. O catálogo ainda será atualizado até o fim do ano e deverá incluir outros locais, como a cidade de Sete Lagoas, que possui a Arena do Jacaré, estádio que já foi utilizado pelos grandes clubes mineiros, e a própria Cidade do Galo, que ficou de fora da versão inicial.

A expectativa de Tiago Lacerda é que o estado consiga atrair outras grandes seleções para ganhar nos aspectos financeiro e visibilidade. "É muito importante para Minas Gerais hospedar grandes seleções por diversas questões. Tem o evento em si, a Copa do Mundo, com seleções tradicionais do futebol que atraem muitos torcedores e turistas, além de muitos jornalistas. Isso gera um movimento grande na cidade e consequentemente uma exposição maior", comentou.

Segundo ele, a cobertura jornalística não se restringe ao futebol, abordando também a parte turística e comportamental, por exemplo. "Tem também a questão econômica, mesmo com alguns países que não tem tanta tradição no futebol, às vezes tem boa relação econômica e o evento atrai empresários, gera benefícios em várias áreas, gera empregos", concluiu Tiago Lacerda.

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