Parque Olímpico chinês hoje é território de cambistas e camelôs

Fernando Duarte

Do UOL, em Pequim (China)

  • Fernando Duarte/UOL

    Estádio Ninho de Pássaro, palco das Olimpíadas de 2008, receberá o amistoso entre Brasil e Zâmbia

    Estádio Ninho de Pássaro, palco das Olimpíadas de 2008, receberá o amistoso entre Brasil e Zâmbia

Não foi preciso nem chegar muito perto do Ninho do Pássaro, o estádio das Olimpíadas de Pequim-2008. Na entrada do imenso parque em que os chineses ainda celebram e exploram a memória  dos Jogos, cambistas ofereciam neste domingo ingressos para a partida da seleção brasileira contra a Zâmbia, na terça-feira, com uma ansiedade incomum: o UOL Esporte comprou pelo equivalente a US$ 20 um bilhete com valor oficial quatro vezes maior.

O cambista que abordou a reportagem exibia um grosso talão de ingressos e, numa mistura de mímica e poucas palavras em inglês, ia baixando o preço a cada resposta negativa. O UOL Esporte apurou junto à organização da partida que o bilhete comprado é legítimo.

A inédita partida da seleção no Ninho do Pássaro – nas Olimpíadas de 2008, a equipe até jogou na capital chinesa a semifinal perdida para a Argentina de Messi, mas no Estádio dos Trabalhadores – é vista pelos organizadores da partida como uma chance preciosa de promover uma arena que em termos esportivos se transformou num elefante branco.

Desde o encerramento dos Jogos de 2008, o Ninho do Pássaro, com capacidade para 80 mil pessoas e sua impressionante estrutura arquitetônica, não foi palco regularmente de nenhum evento esportivo de primeira linha, apesar de os dirigentes esportivos chineses terem usado seu peso político junto à Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) para assegurar o Mundial de 2015.

  • Ingresso comprado de cambista para o jogo Brasil x Zâmbia no Ninho de Pássaro.

Tirando amistosos pontuais de equipes europeias em turnês promocionais e de um bizarro deslocamento geográfico da final da Supercopa Italiana de 2009, o estádio tem um calendário esparso de atividades.  Planos para que se tornasse a casa do Beijing Guoan, o  time de Pequim na Liga Chinesa, esbarraram no fato de que mesmo um salto na média de público do clube da capital nos últimos dois anos não seria suficiente para encher mais que a metade da capacidade.

Construído ao custo de US$ 480 milhões, o Ninho do Pássaro tem custo anual de manutenção de US$ 11 milhões e hoje tem como principal fonte de arrecadação as visitas turísticas, pois sua acústica também não favorece grandes shows. O público, porém, vem diminuindo: de 80 mil pessoas por dia entre 2008 e 2010, o estádio agora recebe  por volta de 10 mil em dias de pico, segundo informações do jornal China Daily.

A grande popularidade do estádio é com as visitas de chineses de outras partes do país que pagam o equivalente a US$ 10 para circular pelo estádio em seus arredores, mas a estrutura é básica, sem visitas guiadas e a imensa presença de camelôs e vendedores de rua por todo o parque, negociando todo tipo de quinquilharia, de imitações baratas das medalhas olímpicas de 2008 a estatuetas do icônico revolucionário comunista Mao Zedong, passando por cinzeiros no formato do Ninho do Pássaro. Na visita feita pela UOL Esporte na manhã de domingo, ficou constatado também que o estado do gramado não será dos melhores para a seleção brasileira.

Para tentar garantir bom público, há galhardetes do jogo espalhados por algumas das principais avenidas de Pequim. No lado de fora do Parque Olímpico, uma telão exibe mensagens de Luiz Felipe Scolari, Neymar e mesmo Fred, ausente da excursão à Ásia – o material promocional foi gravado durante o amistoso contra a Suíça, em agosto.

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