Jornal denuncia 44 mortes e trabalho escravo nas obras da Copa no Qatar

Do UOL, em São Paulo

  • Kin Cheung/AP

    Estádio internacional Khalifa, em Doha, será um dos palcos da Copa de 2022

    Estádio internacional Khalifa, em Doha, será um dos palcos da Copa de 2022

O jornal The Guardian publicou nesta quarta-feira (25) uma matéria que denuncia o uso de trabalho escravo na construção de estruturas que serão utilizadas na Copa de 2022, no Qatar. De acordo com documentos obtidos pela publicação na embaixada do Nepal em Doha, ao menos 44 trabalhadores morreram entre 4 de junho e 8 de agosto. As principais causas das mortes seriam ataque cardíaco, falha cardíaca e acidente no trabalho.

Os imigrantes vindos do Nepal [pequeno país ao sul da China] representam o maior contingente de trabalhadores destacados para as obras que envolvem o projeto da Copa de 2022, no Qatar.  

A investigação do jornal britânico revela que muitos nepaleses não recebem o salário há vários meses, e isso tem sido usado pela organização do evento como artifício para evitar a fuga dos trabalhadores. Além disso, alguns operários tiveram os passaportes confiscados e não puderam tirar um documento de identidade, em ato que os tornou migrantes ilegais no país do Oriente Médio.

The Guardian também menciona a insalubridade dos alojamentos, com banheiros imundos, uma cozinha repleta de mosquitos e baratas e um quarto apertado para 12 pessoas. Os trabalhadores também denunciam os expedientes de obras sem consumo de água. 

"Nós trabalhamos com o estômago vazio durante 24 horas", disse um dos nepaleses ao jornal. "Quando eu reclamei, meu chefe me agrediu, me botou para fora do alojamento onde eu morava e se recusou a me pagar. Eu tive que implorar por comida a outros trabalhadores", completa.

Segundo a publicação, cerca de 30 nepaleses estão refugiados na embaixada em Doha após escapar das péssimas condições de trabalho.

O Qatar, que tem uma das taxas mais altas de trabalhadores imigrantes entre sua população, pretende recrutar mais de 1,5 milhão de trabalhadores para construir estádios, rodovias, portos e hotéis que reforçarão a infraestrutura local para a Copa do Mundo.

A séria acusação de trabalho escravo no Qatar se soma às recentes críticas sobre as condições climáticas do país. A temperatura pode chegar 50ºC no verão, entre junho e julho – meses em que o campeonato da Fifa geralmente é realizado. Alguns países já se manifestaram a favor da alteração da data da Copa para os meses de inverno. Recentemente o país sede do Mundial 2022 divulgou uma nota descartando a adaptação, com argumento de que todos os estádios estarão equipados com estrutura de ar condicionado.  

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