Paulinho contraria prognóstico e repete atuações do Corinthians na seleção
Gustavo Franceschini
Do UOL, no Rio de Janeiro
A declaração de Luiz Felipe Scolari que desdenhava dos volantes com ímpeto ofensivo parecia um alerta perigoso para Paulinho, mas o volante ignorou os avisos e tornou-se fundamental na seleção. Autor de dois gols na Copa das Confederações, o volante está conseguindo repetir pelo Brasil os seus melhores momentos de Corinthians.
Até agora, ele foi decisivo nos jogos contra Japão e Uruguai, tendo participado com destaque também das demais vitórias. Na estreia, foi dele o segundo gol contra os asiáticos, que deu tranquilidade à seleção em um momento difícil do jogo. Contra os vizinhos uruguaios, a cabeçada nos minutos finais garantiu a vaga na final da Copa das Confederações, no próximo domingo, contra a Espanha, no Maracanã.
"Cortaria [meu prêmio de melhor em campo] ao meio e daria metade para o Paulinho. Espero que ele possa ganhar na final, porque faz um excelente trabalho. É o nosso artilheiro. A presença de área dele é incrível", elogiou Julio Cesar, que levou o troféu distribuído pela Fifa na última quarta, por ter defendido o pênalti batido por Forlán.
Paulinho é o terceiro maior driblador da seleção, atrás de Neymar e Marcelo, com 2 fintas por jogo. É também o quarto que mais chuta a gol, perdendo para Neymar, Hulk e Fred, com 1,4 finalização em média. Com 30,3 bolas recebidas por partida, ele é mais acionado que quase todos os seus colegas de ataque, exceto Neymar.
Os números do Datafolha mostram um Paulinho bem parecido com aquele que encantou no Corinthians nos últimos anos. Além de ser artilheiro nas duas frentes, Paulinho também é muito acionado nas duas equipes. A diferença é que na seleção ele é mais driblador, enquanto no clube ele arrisca mais vezes a gol.
Sob o comando de Tite, o volante tem liberdade para subir ao ataque e terminou 2012, por exemplo, como artilheiro da vitoriosa temporada alvinegra, com 12 bolas nas redes.
Neste ano, suas médias no Corinthians também são bem parecidas com as da seleção. No Campeonato Paulista, teoricamente contra times mais frágeis, ele chutou 2,6 vezes a gol por partida e recebeu 29,6 vezes a bola. Em seus três melhores jogos no ano, sempre em momentos decisivos, a comparação também comprova a comparação.
Paulinho foi decisivo contra Tijuana e Boca Juniors, pela Libertadores, e contra o Santos, pela final do Paulista, sempre no Pacaembu. Nestes jogos, ele foi acionado em média 25,3 vezes, número inferior ao que ele apresenta na seleção. Paulinho também driblou mais (2 vezes pelo Brasil contra 1,6 no Corinthians) e chutou menos a gol (1,4 contra 4 no clube).
Cenário bem diferente daquele que se apresentou no início da preparação, há pouco mais de um mês. Na época, ainda na esteira das declarações de Felipão à Folha de S. Paulo, Paulinho ainda respondia sobre o papel defensivo que teria de assumir. "Não vejo problema se o jogador pedir para jogar um pouco mais preso. O importante aqui é jogar da forma que melhor servir à seleção", disse ele à época.
Hoje, Paulinho já concorda que seu estilo já está mais próximo daquele apresentado no clube do Parque São Jorge. "Foi muito importante esse gol [contra o Uruguai]. Quero agradecer a Deus e aos meus companheiros que dão total liberdade para fazer o que eu faço no Corinthians", disse ele na última quarta, após a semifinal.
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