Scolari deixa carranca de lado e promove entrevista-show na seleção
Mauricio Stycer
Do UOL, em Salvador
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U.Marcelino/Reuters, E.Sa/AFP, A.Vizon/Folhapress, V.Almeida/AFP, R.Ghement/AFP
Felipão faz caras e bocas durante entrevista na Copa das Confederações
Quem se acostumou com o estilo carrancudo e mal-humorado de Luiz Felipe Scolari ainda se surpreende com o perfil que o técnico da seleção brasileira vem exibindo nos seus contatos com os jornalistas nestas últimas semanas.
No papel de um showman, Felipão transformou estes encontros protocolares, muitas vezes tediosos, em eventos divertidos, com espaço para piadas, intervenções espirituosas e provocações certeiras. Só falta cantar.
Mesmo controladas por assessores de imprensa (da CBF ou da Fifa), que dão preferência a jornalistas cordiais, as entrevistas de Felipão se tornaram o melhor programa desde o início da preparação para a Copa das Confederações.
Nesta sexta-feira (21), véspera de Brasil x Itália, Felipão começou o encontro, como tem ocorrido com frequência, como um palestrante diante de seus alunos, fazendo uma introdução de improviso.
Desta vez, a palestra teve dois temas. O técnico explicou que levou uma bronca da Fifa ("Fui severamente repreendido") por abrir o treino da seleção e, em seguida, emendou uma homenagem ao coordenador técnico Carlos Alberto Parreira, pelo 43 anos da conquista da Copa de 70, no México – na ocasião, Parreira era o preparador físico da seleção.
A rodada de perguntas, como sempre, incluiu oportunidades para dois repórteres da TV Globo e um do SporTV. Também, como de praxe, o técnico respondeu a um jornalista da ESPN e um da Band. Este último, Fernando Fernandes, participou de um dos momentos cômicos do show de Felipão.
O repórter quis saber do técnico como ele via a possibilidade de se tornar o recordista de vitórias seguidas no comando de jogos oficiais da seleção. Felipão mostrou surpresa, como se não soubesse da estatística, levantada pelo UOL. "Salário pela metade", disse para Acaz Felleger, seu assessor de imprensa. "E 10% pra mim", completou Fernandes.
Questionado sobre a possibilidade de lançar o meia-atacante Bernard durante a Copa das Confederações, deu uma resposta engraçada: "Tô vesgo pra colocar ele pra jogar. Que alegria nas pernas tem aquele guri. O problema é que o Lucas também está com alegria nas pernas".
Do nada, em outro momento, disse uma frase meio sem sentido. "Isso me lembra uma piada do Vampeta com o Evaristo". Diante dos insistentes pedidos para que contasse o causo, fez caras e bocas, mas silenciou. Ao final da entrevista, cercado por jornalistas, resolveu contar baixinho. Embora não tivesse muita graça, ninguém teve coragem de não rir. Não tem mais bobos em entrevista coletiva de Felipão.
Luiz Felipe Scolari