Grupo acampa e cobra criação de CPI do Maracanã em frente à casa de governador do RJ

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Um grupo de manifestantes completa nesta tarde 24 horas de acampamento em frente à casa do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral. Desde o final da tarde de sexta-feira, ativistas ocupam parte de uma das principais avenidas do Leblon, na Zona Sul do Rio, para cobrar do político explicações sobre os gastos públicos com a reforma do Maracanã e outras obras da Copa do Mundo de 2014.

Pacificamente e aos olhos atentos de policiais, os manifestantes empunham cartazes contra a realização do Mundial de futebol e, frequentemente, ganham apoio de motoristas que passam pela nobre área ocupada. Munidos de barracas e mantimentos  --parte deles doados por moradores do Leblon--, os protestantes pretendem ficar até segunda-feira, às 6h da manhã, à espera do governador.

"Queremos que o governador nos explique porque gastou mais de R$ 1 bilhão no Maracanã, que foi reformado pela construtora Delta para depois ser privatizado", afirmou Zeca Richa, ator. "Vamos cobrar a criação de uma CPI da Copa no Rio de Janeiro. A obra do Maracanã precisa ser investigada."

Zeca chegou ao Leblon na sexta-feira, às 17h. Passou a noite com manifestantes em frente à casa do governador, sem dormir. "Tirei uma soneca rápida na barraca e foi só", disse.

No início da tarde deste sábado, ele era um dos cerca de 20 que haviam aguentado a maratona de protesto no Leblon sem descansar. Ele explicou, entretanto, que mais de cem pessoas participam da ação e que uma escala de revezamento já foi feita pelos manifestantes para todos possam ir para sua casa por algumas horas sem desmobilizar o protesto.

"Essa Copa do Mundo foi uma grande oportunidade perdida para o Brasil", disse ele. "Nós já perdemos a chance de trazer melhorias para o transporte da população, por exemplo. Agora, os políticos que gastaram milhões em estádios e viraram as costas para o povo vão ter que aguentar."

Silvana Farinatti, jornalista, também participa da manifestação na frente da casa do governador desde sexta. Ela disse que não pretende sair dali até que o governador converse com os manifestantes.

Policiais que fazem a segurança do governador disseram que manifestantes já foram avisados que Cabral não está em sua casa. Mesmo assim, o protesto continua. O clima entre polícia e manifestantes é tranquilo.

Na sexta-feira, Cabral concedeu uma entrevista coletiva. Disse que respeita os protestos, mas condenou atos de vandalismo. Na entrevista, ela ainda defendeu a realização de grandes eventos esportivos pelo Rio.

A CULPA É DOS IMPREVISTOS

  • Folhapress

    O "imponderável" foi o culpado pelo aumento de 87% no custo da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo segundo o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral.

    Após seu governo assinar o décimo aditivo do contrato da obra no estádio e comprometer-se a pagar R$ 1,12 bilhão pelas adequações que inicialmente custariam R$ 600 milhões, Cabral afirmou que uma "série de variáveis não esperadas" ocasionou a alteração no orçamento.

Mais protestos

Ainda no sábado, outra manifestação contra a Copa do Mundo foi realizada no Rio de Janeiro. Um grupo de manifestantes levou à praia de Copacabana faixas que pedem que governos invistam em escolas e hospitais "padrão Fifa".

As faixas foram postas na praia, ao lado do relógio que marca a contagem regressiva para o início do Mundial de 2014. O relógio foi inaugurado no último dia 12 pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e outras autoridades. O ex-jogador Pelé também esteve na apresentação do relógio gigante.

A manifestação em Copacabana foi organizada pelo movimento Rio de Paz e não teve confronto com a polícia.

Obras no Maracanã
Obras no Maracanã


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