'Foto da paz' de Dilma e Marin aumenta crise entre Governo e CBF

Luiz Paulo Montes, Ricardo Perrone e Paulo Passos

Do UOL, em Fortaleza

  • Ricardo Stuckert/CBF

    José Maria Marin e Dilma Rousseff acenam durante jogo da seleção brasileira em Brasília

    José Maria Marin e Dilma Rousseff acenam durante jogo da seleção brasileira em Brasília

A foto tirada pelo fotógrafo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Stuckert, com Dilma Rousseff e José Maria Marin sorridentes no Estádio Nacional, agravou a crise entre Governo Federal e CBF. O estafe da presidente considerou o retrato "forçado", enquanto o site da confederação diz que a foto "é significativa e fala por si".

A equipe de Dilma afirma que a presidente, vítima de tortura no regime militar, ficou extremamente constrangida ao assistir à partida ao lado do dirigente. Em sua época de deputado, o presidente do COL (Comitê Organizador Local) e da CBF elogiou Sérgio Fleury, considerado um dos principais torturadores do período da ditadura.

Tal constrangimento teria feito com que Dilma mantivesse a decisão de conservar a maior distância possível do cartola, encontrando-se com ele apenas quando for inevitável, como na abertura da Copa das Confederações, no último sábado, em Brasilia.

Por sua vez, funcionários da CBF comemoraram a foto e até as vaias direcionadas para Dilma antes do jogo. "O Marin fez dois gols. Foi pé quente assistindo à vitória da seleção e ouvindo as vaias para ela", disse à reportagem um dos integrantes do estafe do presidente, que pediu para não ser identificado.

O relato feito no Planalto sobre o encontro destoa do texto publicado neste domingo na página oficial da Confederação. Ele diz que os dois "conversaram bastante e, principalmente, comemoraram os três gols que deram a vitória da seleção brasileira sobre o Japão".

  • Ricardo Stuckert/CBF

    Semelhança entre as fotos com Tarso Genro e Dilma mostram o mesmo ângulo, captado por Stuckert

O UOL Esporte acompanhou o jogo perto da tribuna de honra e viu os dois se cumprimentarem apenas no primeiro gol. No terceiro, Dilma fez um malabarismo para abraçar Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, que estava entre ambos, sem incluir Marin na comemoração.

O relacionamento entre eles foi protocolar durante a maior parte do jogo. E Dilma preferiu se sentar no intervalo com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, enquanto Marin ficou em outra mesa.

Pouco depois do terceiro gol, a polêmica foto foi tirada. O fotógrafo estava atrás de Marin e Dilma que se viraram para trás e foram clicados.

Stuckert tem acompanhado Marin em praticamente todos os eventos. O fotógrafo, que já trabalhou para o presidente Lula, virou peça fundamental na campanha de Marin para mostrar que não está isolado politicamente.

Sempre atento, ele tira fotos quando algum figurão cumprimenta o presidente. Foi assim quando fotografou Marin e Ronaldo, na Arena Grêmio, durante o amistoso entre Brasil e França. O ex-jogador, que recentemente criticou a gestão de Marin, cumprimentou o presidente diante da lente de Stuckert, suficientemente ágil para registrar o momento. Com Dilma, ele não perdeu a oportunidade de novo.

No portfólio de Stuckert está uma foto de Marin com o tucano Fernando Henrique Cardoso no Maracanã. Mas nem sempre as investidas do presidente da CBF são bem sucedidas. Antes do amistoso contra a França, em Porto Alegre, ele participou de um almoço com Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, que ao final do encontro descartou ser o intermediário de uma aproximação entre o dirigente e Dilma.

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