Marin tenta salvar Dilma de vaias e distribui chaveiros para a torcida

Luiz Paulo Montes e Ricardo Perrone

Do UOL, Brasília

Uma cena inusitada marcou o encontro tão esperado por José Maria Marin com Dilma Rousseff. Alvo de um movimento para seu afastamento da CBF, o dirigente tentou salvar Dilma das vaias da torcida antes da partida entre Brasil e Japão, em Brasília. 

Ao ouvir os apupos, Marin se apressou em aplaudir a presidente, que estava de seu lado direito na tribuna de honra do Estádio Nacional.  A cena constrangedora representa uma inversão de papéis. Era o estafe de Dilma que temia constrangimentos para a presidente caso ela ficasse lado a lado com o impopular cartola.

Um dos principais motivos para os protestos contra o dirigente é a relação mantida por ele, em seus tempos de deputado, com a ditadura militar, da qual Dilma foi vítima de tortura.

Marin agiu antes mesmo de Joseph Blatter, que estava do outro lado da presidente e foi o primeiro a ser vaiado, pedir, em tom de bronca, "fair play" para os torcedores. O rosto de Dilma entregava como ela estava sem graça.

Mas o socorro providencial não foi suficiente para o dirigente arrebatar a simpatia de Dilma. O relacionamento entre os dois foi quase sempre protocolar. Antes de o jogo começar, Marin falou longamente e teve como resposta de sua interlocutora apenas um gesto de concordância com a cabeça. Blatter também tentou puxar papo e provocou a mesma reação. No intervalo, a dupla sentou em mesas separadas, acompanhados de seus respectivos aliados.

Quando o trio se levantou, no início da cerimônia de abertura da Copa das Confederações, ainda antes da vaia, Dilma mandava beijinhos para torcedores instalados num camarote vip abaixo da tribuna. Enquanto isso, Marin distribuía chaveiros da CBF, não sem antes olhar para Dilma e ter certeza de que ela não via a quebra de protocolo.

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No primeiro gol do Brasil, os dois se cumprimentaram. No segundo, não. E no terceiro, Dilma gritou gol antes de a bola entrar. Depois, fez um malabarismo para abraçar Agnelo Queiroz, petista como ela, e governador do Distrito Federal.  Marin estava entre os dois e ficou fora do cumprimento caloroso.

O fotógrafo oficial da CBF, que já trabalhou para Lula na presidência, tratou de registrar as imagens dos dois juntos. Com certeza, elas farão parte da galeria criada no site da entidade como parte da estratégia para tentar mostrar que o cartola ainda tem prestígio político.

Ao final da partida, presidente e cartola apertaram as mãos, trocaram palavras rapidamente e ela saiu conversando com Queiroz e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B). Pouco depois, lá se foi Marin, arremessando chaveirinhos para a torcida.

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