Dengue aflige três sedes da Copa das Confederações a 8 dias do torneio
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Orlando Sierra/AFP
"Fumacês" serão intensificados em sedes da Copa das Confederações para combate à dengue
Metade das sedes da Copa das Confederações vai receber o torneio em estado de alerta contra a dengue. Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro têm hoje um alto índice de incidência da doença de acordo com padrões do Ministério da Saúde. Por isso, preparam ações especiais de combate ao mosquito Aedes aegypti em locais estratégicos do evento-teste para a Copa do Mundo, que começa dia 15.
Em Belo Horizonte, a situação é tão crítica que a dengue já virou oficialmente uma epidemia. Até o dia 24 de maio, a cidade havia confirmado mais de 29 mil casos da doença, e ainda aguardava a avaliação de outras 58 mil pendências.
Somados os casos confirmados, pendentes e já descartados, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte já registrou mais de 96 mil notificações de dengue em 2013. São mais de 4 mil notificações por 100 mil habitantes. Segundo o Ministério da Saúde, locais que têm mais de 300 casos de dengue por 100 mil habitantes num ano têm incidência alta da doença.
O Rio de Janeiro, por exemplo, tem três vezes mais notificações do que esse limite: são 926 casos por 100 mil pessoas em 2013. No dia 3 de junho, a cidade divulgou o último balanço de casos de dengue. Já são 58 mil.
Já Brasília, tem 338 casos para cada 100 mil habitantes. Foram 8,7 mil notificações de dengue até o último dia 21. Desse total, mais de 4,7 mil já foram confirmados como casos da doença –quase dez vezes mais do que no ano passado.
Fortaleza já confirmou mais de 1,7 mil casos de dengue neste ano, porém tem incidência de dengue considerada média. Recife e Salvador são as únicas duas sedes da Copa das Confederações que, em 2013, têm baixa incidência de dengue.
CONFIRA A SITUAÇÃO DA DENGUE NAS SEDES DA C. DAS CONFEDERAÇÕES
Sede | Casos em 2013 | Casos/100 mil hab | Incidência* |
Belo Horizonte | 96.290 | 4.054 | Epidemia |
Brasília | 8.709 | 338 | Alta |
Fortaleza | 5.669 | 231 | Média |
Recife | 916 | 59 | Baixa |
Rio de Janeiro | 58.590 | 926 | Alta |
Salvador | 653 | 24 | Baixa |
- *Quanto à incidência de dengue, o Ministério da Saúde considera três níveis: baixa (até 100 casos por 100 mil habitantes), média (de 101 a 300 casos por 100 mil habitantes) e alta (acima de 300 por 100 mil habitantes)
Estratégia
Todas as sedes da Copa das Confederações foram incluídas em um plano especial de combate à dengue elaborado para o torneio. Elas vão intensificar o combate ao mosquito transmissor da doença em áreas com grandes fluxos de pessoas durante a realização do evento da Fifa.
Estádios, regiões hoteleiras e turísticas são consideradas estratégicas. Lá, administrações locais farão inspeções extras em busca de focos do Aedes aegypti e intensificação os "fumacês", ações com fumaça para espantar os insetos.
A iniciativa segue uma orientação do governo federal. "Participamos de um grupo de trabalho com outras cidades-sede e já planejamos algumas ações", disse Isabel Guimarães, coordenadora de Comitê Municipal de Contingência da Dengue de Salvador. "Nossa situação hoje não é ruim, mas vamos intensificar a atenção no entorno da Fonte Nova, no Pelourinho, na Orla e na Península de Itapagipe."
Obras da Copa
Nélio Morais, diretor de Vigilância Ambiental de Fortaleza, também disse ao UOL Esporte que a cidade tem um plano especial contra dengue por causa da Copa das Confederações. Segundo ele, "fumacês" e inspeções estão programadas para a área do Castelão, da Praia de Iracema e outros locais.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não se pronunciou sobre a situação da dengue nas cidades-sede da Copa das Confederações. O órgão, entretanto, informou que os casos vêm caindo nos últimos meses por causa do fim da temporada de chuvas. Como o torneio da Fifa ocorre fora de um período chuvoso, não há uma preocupação extra com a doença.
BNDES OFERECE DINHEIRO, MAS SEDES DA COPA NÃO AMPLIAM COLETA
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Com o objetivo de implantar ou ampliar os programas de coleta seletiva de lixo reciclável nas 12 cidades-sede da Copa, o BNDES ofereceu aos municípios uma oportunidade irrecusável: o banco propõe doar o dinheiro para os projetos por meio do seu Fundo Social. As exigências são que os mesmos sejam colocados em prática até o início do Mundial e que o governo local invista a mesma quantia que o banco. O programa foi lançado em setembro de 2010, mas até agora apenas Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília buscaram os recursos.