Depois de ano discreto no Barça, Daniel Alves ganha crédito na seleção

Fernando Duarte

Do UOL, em Goiânia

  • Daniel Marenco/Folhapress

    Daniel Alves em ação contra os ingleses: lateral tem 64 partidas pela seleção brasileira

    Daniel Alves em ação contra os ingleses: lateral tem 64 partidas pela seleção brasileira

Para os padrões de Daniel Alves e do Barcelona, a temporada 2012-13 foi discreta. Apesar de recuperar o título espanhol, a equipe catalã foi varrida da Liga dos Campeões pelo Bayern de Munique e não conseguiu vencer um clássico contra o Real Madrid. Crucial em campanhas anteriores, quando chegou a acumular, exceção feita a Messi e Xavi, mais assistências que o resto do time, o lateral no último período teve números bem mais modestos: 10 passes para gol, por exemplo, seu menor número desde que se juntou ao Barcelona, em 2008.

Na seleção, porém, Alves tem sido o homem com um olho na terra de cegos. Mesmo sem reproduzir com a camisa amarela as atuações mais clássicas pelo clube catalão, ele desde o início do último ciclo de Copa do Mundo reina absoluto na lateral-direita, a ponto de estar prestes a igualar a marca do ex-corintiano Zé Maria como o sexto jogador da posição com mais partidas pela seleção (65).

Ele conta ainda com o aval de Luiz Felipe Scolari, que ao contrário de Mano Menezes sequer convocou um especialista como reserva para o jogador do Barcelona. Jean, hoje jogando como meia, tem sido o escolhido desde o retorno do treinador, em fevereiro. Felipão se deu ao trabalho de defender publicamente o jogador diante de perguntas sobre a tendência dos adversários de buscar explorar os espaços deixados por Alves em suas subidas ao ataque.

"Todos sabem que o Daniel gosta de avançar, então o que tenho de fazer é arrumar o time para que haja cobertura", disse o treinador antes da partida contra a Inglaterra, no domingo passado.
 
Alves fez sua melhor apresentação pela seleção na Era Scolari, aparecendo com chutes de fora da área e arrancadas, sem comprometer o setor defensivo como na partida contra a Itália ou jogar de forma mais conservadora – de acordo com números do Datafolha, ele deu 38 passes no ataque no Maracanã e 33 em Genebra, palco do jogo com Mario Balotelli & cia.
 
Daniel Alves
Daniel Alves
 
Pelo menos um especialista na posição, entretanto, discorda do reinado. "Ele é um grande jogador no esquema tático do Barcelona, mas quando precisa entrar no sistema do Brasil, não funciona. Não dá para negar que o Dani seja experiente e jogue para um baita time, mas ele não fez uma grande temporada", diz Carlos Alberto Torres, lateral-direito e capitão da seleção de 70.
 
Depois de estrear na seleção em outubro de 2006, Alves perdeu para Maicon a corrida para substituir Cafu. Mas o rival teve uma queda vertiginosa de forma após o Mundial de 2010 e o baiano assumiu a camisa 2. Naufragou junto com a seleção na Copa América e agora se prepara para disputar como titular o ensaio-geral para uma Copa do Mundo num dos momentos mais delicados da equipe nos últimos anos.
"Somos os primeiros a ser conscientes de que a seleção precisa vencer partidas. Não adianta jogar bem e as vitorias não virem. Nossa equipe está em formação, buscando sua melhor versão. Se formos fiéis ao que propusermos, os resultados virão", explica Alves.
 
O lateral, de 30 anos, tem adotado um discurso de esforço coletivo sob o qual admite até modificar um pouco suas características para ajudar o time. "Viemos para a seleção prontos para mudar a maneira como jogamos em clubes. Na seleção a gente junta gente de vários times com várias características. Um grande grupo é feito de adaptações".
 
A julgar pelas declarações de Felipão, Alves ainda tem crédito na casa. Talvez pelas 12 assistências e cinco gols marcados pela seleção.

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