Lançado por Mano, David Luiz vira capitão e "bruxo" de Felipão
Fernando Duarte e Paulo Passos
Do UOL, em Londres
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Mowa Press/Divulgação
David Luiz comemora com companheiros de seleção o gol do Brasil sobre a Itália
Embora venha fazendo parte da seleção brasileira desde a primeira convocação de Mano Menezes, em agosto de 2010, David Luiz viu sua cotação subir bastante com a chegada de Luiz Felipe Scolari. Além de titular absoluto, o zagueiro do Chelsea usou a braçadeira de capitão nas duas partidas de Felipão à frente da equipe. E deverá manter o status nesta segunda-feira, às 16h30, no amitoso contra a Rússia, em Londres.
Tudo bem que na primeira vez, no amistoso contra a Inglaterra, no mês passado, o capitão mais frequente da era Mano, Thiago Silva, estava lesionado, e Felipão tinha dito que o próprio Thiago e Fred eram os jogadores considerados "capitaneáveis".
Mas David parece ter pulado à frente na preferência do Felipão por conta do estilo mais extrovertido tanto junto ao grupo quanto junto ao público. Ele é um dos "bruxos" (amigo, na gíria gaúcha) do treinador na equipe.
"Não quero um capitão só. Um é pouco, quero quatro ou cinco. São aqueles com quem tenho mais afinidade para falar certas coisas e fazer chegar até o grupo", diz Felipão.
Outro diferencial do zagueiro do Chelsea é que ele talvez só tenha Kaká e Júlio César como rivais no quesito comunicação. Ao contrário de Fred, David tem uma vida fora de campo sem incidentes. Um porta-voz ideal também por adotar o discurso da coletividade e da humildade, música para os ouvidos de treinadores. "A faixa de capitão apenas indica um jogador com quem o grupo pode contar. É uma honra e um sonho estar com a braçadeira, um dos meus objetivos na carreira sempre foi auxiliar meus companheiros", diz o jogador.
O status de David na seleção torna sua trajetória na equipe ainda mais diferenciada. Em sua primeira convocação, juntou-se a um grupo que tinha jogadores com mais rodagem e prestígio, como Robinho e Elano, e outros com maior perfil de liderança, como Lucas Leiva. Na verdade, era um ilustre desconhecido para boa parte do público e da mídia do Brasil, pois saiu do país para o futebol português em 2007, aos 20 anos, tendo jogado apenas 26 partidas pelo Vitória-BA, na época oscilando entre a segunda e a terceira divisões do futebol nacional.
"Sempre respeitei as pessoas, porque fui educado para isso. Mas também não abaixo a cabeça e tenho meus objetivos bem mapeados na minha cabeça. O reconhecimento vem com o trabalho. Mas não sou de intimidar", completa o jogador.
Um sinal disso veio na entrevista coletiva do último domingo. Quando perguntado sobre a inspiração de seus antecessores no posto de capitão, ele fez questão de elogiar Dunga e Cafu, últimos jogadores a levantarem a taça da Copa do Mundo. "Os dois me inspiraram pelas pessoas que são. O Dunga chegou à seleção e o Cafu é amado em todo o mundo".