Júlio César quer convocação para tentar apagar falha na Copa de 2010
Fernando Duarte, em Londres (Inglaterra)
-
AP Photo/Martin Meissner
Júlio César falha na partida contra a Holanda nas quartas de final da Copa de 2010
Último colocado no Campeonato Inglês, com apenas 15 pontos em 23 partidas -e apenas duas vitórias-, o Queens Park Rangers (ou QPR, como é mais conhecido) poderia estar em situação ainda mais complicada não fosse a colaboração de Julio César. E o bombardeio sofrido pelo goleiro brasileiro numa das competições mais vistas no mundo, incluindo no Brasil, tem servido perfeitamente como cartão de visitas para o que ele chama de um recomeço. Tanto no futebol europeu quanto na seleção brasileira.
Nesta terça-feira, quando Luiz Felipe Scolari anunciar a relação de jogadores para o primeiro jogo da equipe em sua volta ao comando – o amistoso contra a Inglaterra, dia 6, em Wembley – é possível que o QPR, saco de pancadas na temporada, tenha motivo de orgulho por contar pela primeira vez com um jogador na seleção brasileira.
"Estou ansioso, como se ainda fosse a primeira vez na vida que pudesse ser chamado. Tenho jogado bem pelo QPR e me sentindo feliz em campo. Quero muito voltar à seleção. Tenho um sonho de jogar uma Copa do Mundo em casa e isso é o que ainda me motiva a estar jogando futebol. O fato de ter havido um grande rodízio entre os goleiros me deixa esperançoso", explica o goleiro, numa conversa com o UOL Esporte em seu apartamento, em Londres.
A favor de Júlio César não contam somente os feitos na missão quase suicida de evitar o rebaixamento do QPR. Quando assumiu, no final do ano passado, Felipão deixou claro que buscaria veteranos para reforçar o que se desenha como uma das mais jovens seleções brasileiras a disputar uma Copa do Mundo. E mesmo que o técnico não tenha sido mais específico sobre posições, é difícil esquecer que a camisa 1 foi um dos maiores problemas da gestão Mano Menezes, que teve 13 jogadores convocados em apenas dois anos e meio.
Um deles foi o próprio Júlio César, que teve a última oportunidade na sofrida vitória de 2 a 1 sobre a Bósnia, em fevereiro do ano passado. Na ocasião, o gol adversário ocorreu numa falha sua. Mas é pelo erro no gol de empate na partida contra a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010 que o goleiro ainda é cobrado. Inclusive por ele mesmo.
"A última imagem que a torcida tem de mim é a do jogo contra a Holanda. Não quero isso. Tenho como uma missão pessoal mudar essa imagem. As críticas, claro, são normais. Fiz partidas muito boas pela seleção, mas a Copa do Mundo é o ápice, no futebol o próximo jogo sempre é o mais importante. Isso é algo pelo qual até o Felipão vai passar. Ele foi campeão em 2002, mas isso não vai ser muito lembrado se o Brasil não for campeão", opina o goleiro.
Aos 33 anos, Júlio César é um dos mais experientes goleiros brasileiros em atividade, tendo sido convocado 64 vezes para a seleção, a primeira delas quando o hoje coordenador-técnico Carlos Alberto Parreira era quem ocupava o papel de treinador. Diplomático, o jogador do QPR elogia os colegas de posição, na verdade cobrando até um pouco mais de reconhecimento pelo trabalho deles.
"Sou experiente e vivo um bom momento, mas o Brasil tem uma safra de goleiros muito boa e que não deixa nada a desejar para a Europa. Cássio, Diego Cavalieri, Jeferson, Fabio e Vitor são excelentes e jogariam em qualquer clube na Europa. Só não vemos mais jogadores saindo do país porque agora os clubes brasileiros estão mais fortes financeiramente. Mas o Cássio ganhou muita visibilidade depois do Mundial", analisa o goleiro.
Júlio César dá a entender que fazer parte do grupo já será um grande passo e um incentivo a mais para encarar os rigores de uma liga em que o contato físico com os goleiros é bem mais tolerado que em outras praças. "Aqui na Inglaterra o juiz dificilmente marca falta. Não me lembro de ter apanhado tanto na Itália", brinca, referindo-se aos sete anos que passou na Inter de Milão.