Ministro do Esporte promete nova carta à Fifa para esclarecer relação com secretário-geral
Luiz Gabriel Ribeiro
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Sergio Lima/Folhapress
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, visitou nesta sexta-feira a obra do Maracanã para a Copa
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou nesta sexta-feira que enviará uma nova carta à Fifa para dizer se aceita ou não o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, como interlocutor para assuntos relacionados à Copa do Mundo de 2014. Rebelo adotou postura defensiva sobre o assunto e não informou quando a mensagem será enviada pelo governo à entidade máxima do futebol.
Rebelo visitou nesta manhã a obra do Maracanã e concedeu uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro. Lá, ele foi perguntado sobre qual será a relação do governo com Valcke após as declarações do secretário-geral da Fifa sobre o Brasil, seu pedido de desculpas e a decisão do governo em aceitar esse pedido. “A resposta virá em uma outra carta”, respondeu.
AS CARTAS DE ALDO
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Mensagem de Aldo a Jérôme Valcke
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Carta de Aldo enviada a Joseph Blatter
O ministro afirmou que o próprio governo ainda não sabe qual a posição da Fifa sobre seu interlocutor. Segundo ele, depois que o governo federal pediu o afastamento de Valcke das negociações sobre o Mundial, a entidade máxima do futebol ainda não se pronunciou sobre o assunto. "Ainda não sei se a Fifa quer manter seu secretário-geral como interlocutor", disse.
“Prefiro não comentar e esperar para ver o que acontecerá. O governo já se posicionou em entrevistas e nas inúmeras cartas enviadas. As perguntas são sempre claras, mas as respostas nem sempre podem ser. Não posso dizer o que vai acontecer”, disse o ministro sobre a situação de Valcke no futuro.
Mais cedo, Rebelo deu sinais de que não gostaria mais de negociar com Valcke. Em entrevista concedida ao Bom Dia Rio, da TV Globo, divulgada no Portal da Copa, Rebelo disse que a visita de Valcke ao Brasil programada para a semana que vem não deve mais ocorrer. O cancelamento da viagem, segundo o ministro, seria motivado pela crise causada pelas declarações do secretário-geral da Fifa a respeito da organização da Copa no Brasil.
“Nem sei se a viagem do secretário-geral da Fifa será realizada”, afirmou Rebelo. “A minha impressão é de que ela não acontecerá. E acho que esses acontecimentos [a crise] podem ter concorrido para isso”.
O ministro informou, contudo, que a decisão sobre a viagem de Valcke cabe à Fifa, e não ao governo brasileiro. Rebelo repetiu o discurso no Rio de Janeiro
Jérôme Valcke deveria chegar ao Brasil na próxima segunda-feira para mais uma rodada de visita às cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. De acordo com mensagem do secretário-geral da Fifa publicada no site da entidade antes da confusão com o governo, a viagem Valcke começaria por Recife. Depois, ele passaria por Brasília e Cuiabá.
Procurada pelo UOL, a Fifa ainda não informou se a viagem de Valcke foi cancelada ou se o secretário-geral da entidade continua sendo seu interlocutor sobre a Copa do Mundo de 2014.
Na sexta-feira passada, Valcke disse que a preparação da Copa não estava andando bem no Brasil. Disse também que os organizadores do Mundial precisavam de “um chute no traseiro”.
Devido a essas declarações, o ministro do Esporte enviou uma carta à Fifa pedindo o afastamento do secretário-geral da Fifa das negociações sobre o Mundial. Na carta, endereçada ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, Rebelo diz que as palavras de Valcke foram infundadas e ofensivas.
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Valcke e Blatter enviaram pedidos de desculpas formais ao Brasil. Na quinta-feira, Rebelo enviou duas cartas à Fifa dizendo que aceitava o pedido de desculpas. Entretanto, não informou em nenhuma das correspondências que aceitaria novamente negociar com o secretário-geral da entidade máxima do futebol.
De acordo com o Blog do Perrone, a tendência é que Rebelo não negocie mais com Valcke, pelo menos por ora. Segundo o blog, o governo federal já tem um entendimento claro de que, depois da crise causada pelas declarações do secretário-geral da Fifa, as tratativas sobre a Copa do Mundo devem ser feitas com o presidente da entidade. Valcke voltaria a ser recebido pelo governo só após algum tempo.